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Dois acidentes na Sapucaí, 32 feridos e Liesa impede que escolas sejam rebaixadas

rosabitt - mar 02 2017
Rio de Janeiro - Estrutura de carro alegórico quebrou deixando feridos no desfile da escola de samba Unidos da Tijuca, pelo grupo especial, no Sambódromo (Fernando Frazão/Agência Brasil)

Por Rosa Bittencourt

 

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Peritos recolhem material após o acidente com o carro da Paraíso de Tuiuti na Sapucaí. Foto: Fernando Frazão/EBC

 

Na passarela Darcy Ribeiro, escolas favoritas para levar o prêmio como Portela (a campeã de 2017), Mangueira, Mocidade Independente de Padre Miguel, Salgueiro, Beija-Flor, Unidos da Tijuca, União da Ilha, trouxeram o melhor dos sambas dos últimos anos para o público. E as centenas de milhares de componentes de cada escola pisaram na avenida para fazer bonito. E o que era para ser só alegria, admiração, elogios/críticas de quem entende do riscado do carnaval carioca acabou se transformando em momentos de desespero, tensão, insegurança e pânico nos 4 acidentes em dois dias de desfile do Grupo Especial.

Rio de Janeiro - Desfile da escola de samba Portela, pelo grupo especial, no Sambódromo (Fernando Frazão/Agência Brasil)

Desfile da escola de samba Portela, pelo grupo especial, no Sambódromo: a campeã do carnaval de 2017 (Fernando Frazão/Agência Brasil)

Foi como se uma cortina tivesse caído e exposto para milhares de pessoas de como o carnaval do Rio – fonte da maior arrecadação para os cofres públicos da cidade – é feito de erros, neglicência, despreparo e omissão daqueles que são os responsáveis pelo carnaval no Sambódromo. O resultado foi que dois acidentes deixaram 32 pessoas feridas e 4 em estado grave nos hospitais.

Na tarde desta quinta-feira, 02/03, a Procuradoria Geral do Rio enviou ofício pedindo providências à Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba), em relação aos acidentes. O Ministério Público do Rio também convocou uma reunião com os órgãos envolvidos: Centro de Apoio Operacional das Promotorias da Cidadania, Procuradoria geral do Rio, Inmetro, Crea, Liesa, Lierj, Defesa Civil, Riotur, Polícia Civil e Sindicato dos Jornalistas.

No jogo do empurra-empurra, o presidente do Inmetro já convocou os responsáveis pelas escolas de samba e a Liesa para sentarem juntos e discutirem como será o carnaval de 2018, levando-se em conta a segurança dos componentes das escolas de samba, dos profissionais da mídia que fazem o trabalho de pista e do público nas arquibancadas e frisas. Em paralelo, continuam as investigações na 6.ª DP (Cidade Nova) para apontar o que realmente ocorreu com os dois carros alegóricos da Paraíso da Tuiuti e da Unidos da Tijuca.

Rio de Janeiro - Estrutura de carro alegórico quebrou deixando feridos no desfile da escola de samba Unidos da Tijuca, pelo grupo especial, no Sambódromo (Fernando Frazão/Agência Brasil)

Estrutura de carro alegórico quebrou deixando feridos no desfile da escola de samba Unidos da Tijuca, pelo grupo Especial, no Sambódromo (Fernando Frazão/Agência Brasil)

Em declarações à imprensa, o motorista do carro alegórico da Paraíso da Tuiuti Francisco de Assis Lopes pediu desculpas pelo acidente às 20 vítimas e aos familiares. Segundo informações, essa teria sido a primeira vez que ele conduzia um carro na Sapucaí. Ele tinha o auxílio de outros componentes da escola. Já no carro da Unidos da Tijuca, o excesso de peso pode ter colaborado para a queda. No total: 12 pessoas feridas, 3 em estado grave, no acidente da Paraíso. E no domingo, teve ainda o óleo derramado na pista de um dos carros da Vila Isabel.

Outros dois acidentes também deixaram o público das arquibancas tensos. Ainda na segunda, num dos carros da Mocidade Independente de Padre Miguel, a plataforma onde estava uma destaque caiu. Passado o susto, a destaque saiu da Sapucaí caminhando. Na União da Ilha, houve perda de controle e direção de carro alegórico —sem feridos, mas deixando assustados foliões que ficaram quase espremidos nas grades laterais.

Os acidentes na Sapucaí mostram não somente a falta de segurança, mas também a improvisação. Após os acidentes, o Inmetro (Instituto de Metrologia) anunciou a criação para 2018 de regras de certificação e fiscalização dos carros alegóricos — válidas não só no Rio, mas no país todo. “Vamos montar uma regulação para ter carros certificados e inspeção”, disse Carlos Augusto de Azevedo, presidente do órgão.

Nos dois dias de desfile do Grupo Especial, a arquibancada se comportou com muita ira contra os dirigentes. Mas foi na noite de segunda, que muitos chegaram a jogar garrafas e copos e muita vaia contra os integrantes da Unidos da Tijuca que liberaram o carro para seguir com o desfile. Mesmo abalados emocionalmente, depois da queda do terceiro andar e com a presença de bombeiros, os destaques seguiram sentados em cima do carro, ao longo da Sapucaí.

Antes de se conhecer o resultado do carnaval do Rio, a Liesa anunciou que nenhuma escola seria rebaixada: nem Unidos da Tijuca, que ficou em penúltimo lugar e nem Paraíso da Tuiuti, em último. Nas redes sociais, a medida foi visto como um golpe contra o regulamento, que prevê que, todo ano, a escola com menor pontuação desça para a Série A, enquanto a campeã desde grupo suba para o Especial. Com essa decisão, que teve somente um voto contra, Mocidade Independente de Padre Miguel, o desfile de 2018 será com 13 escolas, e duas serão rebaixadas, para que, em 2019, a elite do carnaval carioca volte a ter 12 escolas.

Rio de Janeiro - Desfile da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel, pelo grupo especial, no Sambódromo (Fernando Frazão/Agência Brasil)

Desfile da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel, pelo grupo Especial, no Sambódromo (Fernando Frazão/Agência Brasil)