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Sim à tocha olímpica e às Olimpíadas. Não ao golpe, ao arrocho e ao entreguismo

Wagner de Alcântara Aragão - jul 17 2016
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Nesta semana que passou a tocha olímpica esteve em uma das minhas cidades – Curitiba (na quinta-feira, dia 14) – e na semana que começa estará na outra, em Santos (22 de julho, sexta-feira).

Na capital paranaense fiz questão de acompanhar parte do trajeto – da porta de casa, perto da rodoviária, até o Jardim Botânico.

Acompanharia mais um bom trecho em Santos, entretanto no dia em que a chama olímpica estiver por aqui, não estarei eu.

Como postei no instagram e falei aos mais próximos, fiz questão de presenciar tal momento porque a gente receber em casa tamanho símbolo é dum privilégio ímpar – pelo que representa a tocha olímpica, pelo que representa uma Olimpíada.

Infelizmente, o Brasil acolhe um dos maiores eventos da humanidade experimentando um dos piores episódios de sua trajetória republicana.

Enfrentamos um golpe de Estado camuflado e estamos a retroceder décadas no campo social, econômico e político.

Carecemos ainda – apesar dos avanços importantes de dez, 12 anos para cá – de condições básicas de subsistência.

Não é por causa desse cenário, porém, que devemos deixar de valorizar o feito histórico de abrigarmos Jogos Olímpicos em nossa casa.

Não é por “culpa” das Olimpíadas que nossos problemas não foram, não estão sendo, nem deixarão de ser resolvidos.

Ao contrário, das Olimpíadas até poderemos herdar certo legado. Além das obras de infraestrutura – concentradas, é verdade, no Rio de Janeiro -, estamos a aprender que somos capazes sim de nos organizarmos para eventos que reúnem parte considerável da população planetária. Estamos a perder, apesar do ranço que persiste, o tal complexo de vira-latas.

Foi assim com a Copa do Mundo, em 2014. Já tinha sido assim com a Jornada Mundial da Juventude, em 2013. Tem sido assim com o Fórum Social Mundial, desde 2001. Fora assim com a Eco 92, em 1992.

Há sempre o argumento de que para um país com mazelas sociais, “gastar” com Olimpíadas é uma inversão de prioridades.

Compreensível e louvável a preocupação, todavia a crítica desvia do que realmente importa.

Para ter saneamento, água potável, saúde, educação e segurança pública universais não precisamos – não devemos – abrir mão de Olimpíadas, de esporte, de cultura, de turismo, de lazer, de entretenimento.

Não é a Olimpíada, como não foi a Copa do Mundo, como não é o Carnaval, o São João, o Boi Bumbá, não é isso que suga dinheiro que deve ser aplicado nisso tudo, inclusive – e em saneamento, água, saúde, educação, segurança…

O brado, o protesto, a revolta tem de ser contra essa política econômica de arrocho (eufemisticamente batizada de ajuste fiscal) que tira dinheiro do salário, das obras de infraestrutura, dos serviços públicos essenciais e transfere para o bolso dos banqueiros.

Por conta dessa política de arrocho, o Brasil gastou no primeiro semestre deste ano cerca de 200 bilhões de reais com os chamados juros da dívida pública (eufemismo para “bolsa banqueiro”, como dizia Plínio de Arruda Sampaio)

Já as obras para as Olimpíadas, em cálculos superestimados, custaram 40 bilhões de reais.

Ou seja, em seis meses o Brasil pagou a banqueiros dinheiro com o qual seria possível fazer cinco Olimpíadas!

Segundo o Jurômetro, da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), com o dinheiro que o país gastou pagando juros para banqueiros dava para:

  • construir 3 milhões de casas populares;
  • fazer 70 mil quilômetros de ferrovias;
  • realizar 88 milhões de ligações de água e 56 milhões de ligações de esgoto;
  • conceder 800 mil benefícios do bolsa família;
  • construir 200 mil escolas, equipar 430 mil;
  • etc etc etc.

Portanto, sim à tocha olímpica.

O fogo que tem de ser apagado é o fogo da ganância do mercado financeiro, ou do entreguismo do governo usurpador e do Congresso, que querem doar a chama do nosso petróleo do pré-sal.

Não ao golpe.

Sim às Olimpíadas.

 

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LEIA TAMBÉM:

  • Rogério Galindo: “apagar a tocha é sinal de que você não entendeu o que é a Olimpíada
  • Rafael Machado: “com auditoria da dívida pública, Brasil teria mais dinheiro para áreas sociais”

Por @waasantista (texto e fotos), postado de Santos

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