Da Assessoria de Comunicação do Ipea
No período de 2011 a 2014, quando os indicadores econômicos deram os primeiros sinais de desaceleração e estagnação, o desenvolvimento humano no Brasil continuou a crescer.
Isso significa que, no início da crise, as pessoas continuaram vivendo mais, estudando mais e até ganhando mais.
Essa evolução nos indicadores de desenvolvimento humano coincide com os quatro anos do primeiro mandato da presidenta Dilma Rousseff, que não só continuou como intensificou programas sociais e de distribuição de renda iniciados no Governo Lula.
Tais programas, ao serem fortalecidos, amorteceram os efeitos da crise econômica global que passaram a atingir com mais força o Brasil, conforme atestam os pesquisadores.
Os dados constam do estudo Radar IDHM, lançado nesta terça-feira, dia 22, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em parceria com a Fundação João Pinheiro e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).
Representante residente do Pnud no Brasil, Niky Fabianic creditou os bons resultados à robustez dos programas sociais no país: “É importante manter e aprimorar programas sociais como o Minha Casa Minha Vida e o Benefício de Prestação Continuada (BPC), que deram suporte à população”.
O Radar IDHM utiliza informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), para monitorar tendências desse Índice – e de 60 indicadores socioeconômicos – nos anos entre os censos realizados pelo IBGE.
O leve avanço do IDHM no início da década de 2010 pode estar relacionado com natureza dos dados considerados (que propositadamente têm sensibilidade diferente ao desempenho da economia) e com a rede de proteção social existente no país.
No período analisado, a proporção de pessoas vulneráveis (com renda domiciliar per capita inferior a R$ 255) caiu a uma taxa média anual de 9,3% (contra 3,9% no último período intercensitário).
Já a proporção de pessoas extremamente pobres (com renda domiciliar per capita inferior a R$ 70) teve queda média anual de 14% (contra 6,5% no último período intercensitário).
O panorama da desigualdade, por sua vez, continuou apresentando tendência estável, com taxa de decrescimento inexpressiva tanto no período analisado como no período de 2000 a 2010.
TAXAÇÃO DE RIQUEZAS
Para a coordenadora do Atlas do Desenvolvimento Humano do Pnud, Andréa Bolzon, é necessário um conjunto complementar de políticas que possam acelerar a diminuição das desigualdades.
“Por uma decisão política, um set de políticas foram implementadas com o objetivo de aumentar a renda das pessoas mais pobres. No entanto, para diminuir a desigualdade, outro conjunto de políticas, como taxação de grandes riquezas, é que conseguiriam diminuir esse fosso”, defendeu.
Ainda que os dados confirmem as disparidades regionais existentes no país, alguns estados do Norte e Nordeste apresentaram um avanço expressivo no IDHM entre 2011 e 2014. São eles: Amapá, Amazonas e Piauí.
No que se refere aos dados de educação, no Brasil, tanto a escolaridade como a frequência escolar cresceram, porém a taxas médias anuais muito inferiores às observadas de 2000 a 2010. Um dos destaques é a estagnação no percentual de pessoas com 18 anos ou mais e ensino fundamental completo (que somavam 60,1% em 2011 e 61,8% em 2014).
Também chama a atenção a taxa de crescimento significativamente mais lenta do percentual de pessoas com 18 a 20 anos com ensino médio completo (saindo de 48,4% em 2011 para 52% em 2014). Na faixa etária de 15 a 17 anos, apenas 61% tinham ensino fundamental completo em 2011. Em 2014, esse número alcançou 65,5%, ainda muito longe do ideal.
Nas Unidades da Federação, São Paulo, Roraima e Goiás apresentaram as menores tendências de avanço nos dados de educação. Já Sergipe e Espírito Santo apresentaram uma tendência de estagnação, indicando um quadro de evolução nula entre 2011 e 2014.
Acessível pelo endereço www.atlasbrasil.org.br, a base de dados completa do Radar IDHM e suas análises têm o objetivo de estimular o desenho e a implementação de políticas públicas que contribuam para gerar avanços na realidade social e econômica do Brasil, com redução das desigualdades socioespaciais e ampliação das oportunidades de inclusão social.
O estudo completo pode ser conferido clicando aqui.
Editado e postado por @waasantista, de Curitiba