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A reflexão de Alceu Valença sobre o Brasil destes dias

Wagner de Alcântara Aragão - jun 17 2016
Alceu_Valenca_Virada_Cultural_em_Santos

“Demorei bastante para me manifestar sobre a gravidade de nossas questões políticas. Sou elétrico de nascença, mas devido à complexidade dos fatos e da necessidade de uma análise mais consistente, caminhei com muito cuidado, fazendo pausas para reflexões a observar, com prudência, os fatos que vêm se revelando dia após dia.

Esse processo doido continua ativo e muita história ainda será vomitada, mas, hoje, já tenho meu diagnóstico.

Aliás, há muito já discutia sobre a necessidade de uma ampla reforma estrutural e política. As regras que conduzem as eleições no país favorecem a corrupção, desvirtuam e desmoralizam a nossa jovem e imatura democracia. As legendas, com raríssimas exceções, estão comprometidas do pé ao pescoço, da razão até a alma, e vitaminam a plutocracia instituída no Brasil. Não existe saída.

Capital, dinheiro não têm ideologia. Sua gula desenfreada é crescer e ganhar sempre mais. É irracional. Não é bom, nem ruim.

Pensamos, logo existimos, não é verdade? O pensamento, os valores deveriam ser protagonistas e não o dinheiro. É tão claro, lógico e insofismável. Um empresário pode até simpatizar com um político pelo programa do partido ao qual ele pertence. Poderia dar contribuições nas respectivas campanhas públicas. Mas, simpatia de 10, 20 milhões de reais? No fundo, é um investimento ou um fundo de investimento? Depois virão obras, muitas vezes superfaturadas, para devolver e multiplicar o que fora “doado”. O político bem relacionado no “high society”, certamente, gozará de melhores oportunidades para se eleger. A democracia já começa marcada pela desigualdade.

É o troco,
é a troca,
é o trocado,
é o truque do dinheiro doado
ou investido?
É o sistema corrompendo
o indivíduo.
É a sangria desatada.
Bandidos.

As reformas não devem se restringir apenas à questão do financiamento das campanhas. Já demos alguns passos favoráveis com o fim da reeleição, que se mostrou prejudicial à dinâmica da gestão pública. Mas outras questões devem ser levantadas e amplamente discutidas. Penso também na urgência de uma reorganização estrutural, na desburocratização responsável, na agilidade e eficiência da máquina pública.

É preciso regulamentar a mídia com muita, muita prudência para não sufocar a liberdade de expressão.

É preciso priorizar a cultura brasileira sem, contudo, nos fecharmos para o mundo globalizado. Somos seres planetários, mas, por enquanto, ainda existem fronteiras, barreiras culturais e econômicas. Precisamos cuidar do que é nosso.

É preciso ter uma economia eficiente, mas que observe as questões sociais que se arrastam há séculos. É preciso caminharmos adiante e progredir, respeitando a natureza e implementando o desenvolvimento sustentável.

É preciso mais tolerância.

É preciso entender que só a diversidade é capaz de promover o desenvolvimento da nossa sociedade.

É preciso respeitar as diferenças.

É preciso mais solidariedade e mais união.

Finalizando, se quiserem ir às ruas exigir as reformas necessárias para o fortalecimento real do nosso país, me avisem. Estarei junto!”

(Texto publicado por Alceu Valença em seu perfil no facebook | Foto: Leandro Ordonez/Virada Cultural em Santos)

 

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