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Há 25 anos, uma cidade inteira parava para defender o maior porto da América Latina

Wagner de Alcântara Aragão - fev 28 2016
28_de_fevereiro_de_1991

Vinte oito de fevereiro de 1991 entrou para a história como o dia em que uma cidade inteira parou para defender seu porto, trabalhadores portuários e suas famílias.

Naquela quinta-feira, aos poucos o comércio foi baixando as portas, os ônibus deixando de circular, as escolas suspendendo as aulas e os mais variados tipos de serviço interrompendo suas atividades.

Era o ápice de um movimento que durava 22 dias, contra as políticas neoliberais de arrocho do governo de Fernando Collor de Melo e sua ministra da Fazenda, Zélia Cardoso, e que destruíam o Porto de Santos e a vida de seus trabalhadores e familiares.

Exatamente em 28 de fevereiro de 1991, a greve geral em Santos era contra a demissão de quase 5.400 portuários, praticamente metade do contingente de operários fixos do maior porto da América Latina.

À frente da sede da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), aqui no Macuco, bem pertinho de casa – a uma quadra – milhares de santistas, acampados há dias, só sairiam se as demissões fossem revogadas.

No centro da cidade, no Palácio José Bonifácio, sede da Prefeitura, um verdadeiro quartel general, capitaneado pela prefeita do município, Telma de Souza (PT), foi montado para intermediar a negociação entre trabalhadores e governo federal, definir estratégias e garantir o apoio necessário do poder público às famílias dos portuários ameaçados.

Como lembra esta ótima reportagem produzida pela TV Tribuna e exibida neste sábado, 27, em memória dos 25 anos do episódio, lideranças de todos os partidos, representantes dos mais diversos segmentos da sociedade santista se uniram contra o ataque do Governo Collor ao porto, portuários e suas famílias.

A repercussão, internacional, fez o governo federal recuar.

Foi o ministro da Justiça, Jarbas Passarinho, quem ligou para a prefeita Telma e comunicou a revogação das demissões.

28 de fevereiro ficou instituído como o Dia da Resistência Portuária. Uma escola no bairro do Saboó, construída anos depois, leva, como nome, a data emblemática.

“Foi uma das mais belas e emocionantes páginas da história de Santos”, escreveu a ex-prefeita em sua página no facebook, neste domingo, 28 de fevereiro de 2016. “Foram dias intermináveis e incansáveis, findados com a vitória final. Um fato inédito e que comprova a força e o poder de ação de uma cidade da qual, a cada dia, sentimos mais e mais saudades. Salve Santos e seu povo guerreiro e trabalhador!”.

Depois da resistência de Santos ao golpe civil-militar de 1964, aquela mobilização de 1991 era a maior já verificada, e nunca mais repetida.

 

Por @waasantista, postado de Santos

 

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