Santos experimentou antecipar os desfiles das escolas de samba deste ano.
As apresentações foram na sexta, dia 29; sábado, 30; e domingo, 31.
A uma semana, portanto, do Carnaval.
Ao que tudo indica, a experiência deu certo.
Em boa parte da noite de sexta para sábado e, principalmente, na noite de sábado, quando desfilaram as principais escolas (as do grupo especial), a participação do público foi marcante.
E, sem concorrer com as exibições mais badaladas – de São Paulo e do Rio de Janeiro -, os desfiles de Santos conquistaram mais visibilidade.
Atraíram, por exemplo, a atenção dos ditos “famosos”.
Não que, no samba de carnaval, os “globais” sejam os protagonistas.
Quem faz os desfiles são os “anônimos” – e a festa é, e deve ser, para eles.
Mas a vinda de artistas de renome sofistica, dar certo tempero à folia – e, por tabela, a sua gente.
As atrizes Paloma Bernardi, Monique Alfradique e Julianne Trevisol, e o promoter David Brazil, todos da Grande Rio (a escola carioca vai homenagear os 470 anos de Santos), se juntaram à Corte Carnavalesca da cidade e assistiram a parte dos desfiles no sábado.
Quinho, por muitos anos intérprete da Salgueiro, puxou o samba da Unidos dos Morros.
Sheila Carvalho, dançarina do É o Tchan, foi a rainha da bateria da União Imperial.
Como dito, porém, os famosos são os coadjuvantes.
As responsáveis de verdade pelos desfiles das escolas de samba são as comunidades.
E neste Carnaval, as agremiações capricharam.
Agora em 2016 faz dez anos da retomada dos desfiles das escolas de samba.
(Por cinco carnavais consecutivos – 2001, 2002, 2003, 2004 e 2005 – as apresentações não foram realizadas)
Este Carnaval que marca uma década do retorno fica marcado pela evolução técnica e artística das escolas e da organização dos desfiles.
Boa infraestrutura no sambódromo (a Passarela do Samba Dráusio da Cruz) e nos arredores.
E, sobretudo, um belo espetáculo.
Pelo regulamento, neste ano todas as agremiações vieram com algum enredo relacionado a Santos, justamente pelos 470 de fundação da vila que deu origem à cidade dos tempos de hoje.
Das nove agremiações do grupo especial, quatro delas fizeram desfile de campeã. São elas, em ordem de favoritismo (segundo avaliação deste blog), a Unidos dos Morros, a União Imperial, a X-9 e a Amazonense.
As outras cinco (Brasil, Padre Paulo, Real Mocidade Santista, Vila Mathias e Dependente do Samba) não ficaram muito atrás. Se os desfiles ainda estão menos vistosos, não deixam a dever em acabamento, criatividade e empolgação.
A bateria da Padre Paulo, por exemplo, honrou a tradição de ser uma das mais contagiantes.
A Brasil fez um desfile harmônico.
A Real Mocidade Santista ousou em trazer, no seu carro abre alas, a figura de seu mascote de forma mais descontraída.
(Uma referência ao verso “meu escritório é na praia…”, da banda santista Charlie Brown Jr., o leão da Real veio deitado a beira-mar)
Desfilando pela primeira vez na vida, Rafaella Mendes veio em uma das alas da Real Mocidade Santista. Demonstrou ter se encantado com a hospitalidade da comunidade da escola, no Marapé.
“Gostei muito dos ensaios. E gostei muito de desfilar, foi muito legal, emocionante. Pretendo continuar desfilando nos próximos anos”, contou.
Destaque de um dos carros alegóricos da mesma escola, Stefany Vittor tem um pouco mais experiência de avenida: este foi o terceiro ano na Real Mocidade. A primeira, no entanto, no alto de uma alegoria.
“Foi muita emoção. Lá de cima dá pra ver [o conjunto da] escola desfilando. Acho que temos condições de chegar em uma boa colocação”, apostou.
A apuração dos desfiles ocorre nesta terça-feira, dia 2. Até lá, quem vive o mundo do samba santista vai ter de aguentar a ansiedade.
CONFIRA TAMBÉM
- “Duas Noites – o re-encontro de Santos com o samba de carnaval”, livro que narra a retomada dos desfiles, há dez anos
- Álbum de fotos (em breve) na página do blog no flickr
Por @waasantista, postado de Santos | Fotos: @waasantista