Outra gigante histórica do transporte rodoviário de passageiros no Brasil aos poucos vai se recolhendo das estradas.
Marcante na paisagem das rodovias do Mercosul, a Pluma Conforto e Turismo, que tem sede em Curitiba mas é administrada por um grupo de Minas Gerais (família Mansur), já transferiu as suas principais linhas, operadas há décadas pela empresa.
(Semana atrás, falamos da retirada da sexagenária Itapemirim; relembre aqui)
As linhas internacionais da Pluma – ligando o Brasil a Paraguai, Argentina e Chile – passaram à JBL Turismo, até então de pouca presença no setor.
As linhas nacionais foram divididas entre a Catarinense e a Expresso do Sul (ambas do Grupo JCA, o qual inclui, entre outras, a Cometa e a 1001) e entre a Expresso Nordeste (do Paraná).
De acordo com reportagem do jornalista Luciano Roncolato, do Portal Interbuss, há pelo menos dez anos a Pluma passa por dificuldades financeiras.
Como o principal negócio da empresa são as linhas de larga distância, a Pluma foi diretamente atingida pela concorrência do setor aéreo, que passou a atrair usuários de ônibus, com o barateamento das passagens de avião.
A frota deixou de ser renovada, e a qualidade dos serviços entrou em queda livre.
Eu mesmo experimentei essa precariedade, ano passado e neste ano, quando viajei de Pluma nas linhas Foz do Iguaçu-Buenos Aires e Buenos Aires-Uruguaiana.
Nas duas ocasiões, ônibus com mais de uma década de uso, absolutamente desconfortáveis para as necessidades de trajetos internacionais, longos e demorados (devido a trâmites nas aduanas, por exemplo).
Cheguei a registrar reclamação tanto na Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) como na própria companhia.
HISTÓRIA
A marca Pluma existe desde 1966, porém a origem da empresa é ainda mais remota.
Começa com a fundação da Transportadora Galiotto, em 1954, em Caxias do Sul (RS). Em 1965, a Galiotto e a Aurora, outra empresa gaúcha de Caxias do Sul, compraram a Boscatur, de Curitiba. Um ano depois, em 1966, há a mudança de nome para Pluma.
Em 2002, a empresa foi vendida ao atual grupo controlador, da família Mansur. A logomarca é rejuvenescida, os ônibus ganham nova pintura e a frota é, de início, parcialmente renovada.
Os investimentos, todavia, não são continuados. Quantidade considerável dos veículos têm, hoje, mais de dez anos de uso – alguns, ainda do final dos anos 90.
Por Wagner de Alcântara Aragão, jornalista e professor| Twitter: @waasantista
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