Cresci acompanhando Jogos Pan-Americanos e Olimpíadas vendo e ouvindo atletas, treinadores e comentaristas se queixando da falta de apoio ao esporte no Brasil.
As conquistas de nossas equipes eram em regra fruto do talento, da persistência, da garra de nossos competidores, sempre se ressaltou.
Caso, a isso tudo, fosse somado investimento na base, governamental sobretudo e privado também, aí então poderíamos exigir mais de nossos esportistas e esperar que o país fosse uma potência olímpica, era o que se dizia.
Pois bem, a participação do Time Brasil nos Jogos Pan-Americanos de Toronto, no Canadá, encerrados no último domingo (26 de julho), mostra que havia muito de razão nesses comentários.
No Pan 2015, o Brasil, pela terceira vez consecutiva, terminou a competição em terceiro lugar no quadro geral de medalhas.
Já tinha sido assim em 2007, quando os Jogos Pan-Americanos foram no Rio de Janeiro, e em 2011, em Guadalajara (México).
Portanto, não se trata só de casualidade ou sorte: nas Américas, o Brasil se consolida como terceira força esportiva. Supera Cuba, que por quase quatro décadas ocupou esse posto.
E também não se trata mais só de talento, raça, obstinação de nossos competidores.
Isso porque o apoio ao esporte se intensificou muito da década passada para esta.
Das 141 medalhas obtidas pelo Time Brasil em Toronto, 121 foram conquistados por atletas e equipes que recebem patrocínio do governo federal.
Só de 2010 para cá, foram mais de R$ 500 milhões em investimentos.
Montante que, segundo o Ministério do Esporte, “inclui recursos do Bolsa-Atleta, Bolsa Pódio (benefícios para os atletas variam entre R$ 5 mil e R$ 15 mil), Lei Agnelo/Piva, Lei de Incentivo ao Esporte e diversos convênios firmados com as confederações”.
Não estão computados nesse valor, ressalva o governo, os patrocínios estatais.
E sabemos que Correios, Caixa, Banco do Brasil, Eletrobrás e Petrobrás estão entre as empresas que mais patrocinam atletas e equipes esportivas brasileiras.
Antes que alguém acuse de que estamos a partidarizar o sucesso, vai a defesa: não tem nada disso.
Omitir essas fatos é que, isso sim, seria partidarizar.
É preciso dizer com todas as letras e números que fatia considerável do êxito do Time Brasil é fruto de políticas governamentais.
Para que se compreenda a importância do Estado, o qual tem de ser fortalecido.
E é preciso dizer para que a sociedade compreenda tudo isso como uma conquista nacional, não de governo ou de um e outro partido.
Uma conquista que deve ser ampliada, consolidada – precisa de se tornar uma política permanente, seja qual for o grupo político no comando.
Para as Olimpíadas ano que vem no Rio de Janeiro, a meta do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) é fazer o Brasil figurar entre os dez primeiros no quadro geral de medalhas.
O objetivo é ousado e, se for alcançado, ainda não vai significar que o país terá se transformado em potência olímpica.
Estará, no entanto, bem perto de se tornar uma.
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Por Wagner de Alcântara Aragão, jornalista e professor | Twitter: @waasantista
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