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As projeções promissoras para o cinema brasileiro e o mercado audiovisual no país

Wagner de Alcântara Aragão - jul 15 2015
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Extraído do Portal Brasil (foto: Ancine)

Editado por Wagner de Alcântara Aragão (@waasantista)

 

A cinematografia nacional vive uma fase otimista, tanto no quesito artístico quanto de condições para a realização de longas e curtas-metragens.

É o que apontam os dados e estatísticas oficiais e o que relatam profissionais e empreendedores do setor.

Se em 1995 foram lançados apenas 14 títulos, em 2014 chegaram aos cinemas 114 produções brasileiras.

Até 2020, segundo projeções da Agência Nacional de Cinema (Ancine), o Brasil deve se transformar no quinto mercado do mundo em produção e consumo de conteúdos audiovisuais para cinema, televisão e novas mídias.

“Nosso país poderá ter 4mil500 salas digitais, com capacidade para atrair 220 milhões de espectadores por ano, mais do que o dobro do volume atual”, afirma o diretor-executivo da Ancine, Manoel Rangel.

Ele continua: “Com a consolidação da Lei 12.485/2011, a Lei da TV Paga, serão veiculados mais conteúdos nacionais, com diversidade e qualidade, fortalecendo as programadoras nacionais, as produtoras independentes e outros agentes do mercado.”

Uma série de incentivos estatais tem impulsionado a produção, distribuição e exibição de filmes nacionais.

No ano passado, a presidente Dilma Rousseff lançou o programa Brasil de Todas as Telas, uma ação de proporções inéditas não apenas em volume de recursos, mas por conta das iniciativas envolvidas.

São iniciativas que abrangem toda a cadeia produtiva do audiovisual: da criação do roteiro, passando por produção, difusão, incentivo à pesquisa até a ampliação e a modernização do parque exibidor.

Entre outras ações, o Brasil de Todas as Telas oferece 5 mil bolsas para formação e capacitação profissional. Também são oferecidos cursos de nível técnico em parceria com o Ministério da Educação, por meio do Pronatec Audiovisual.

Colocado em execução pela Ancine, ligada ao Ministério da Cultura, o Programa Brasil de Todas as Telas tem recursos – oriundos do Fundo Setorial Audiovisual – da ordem de R$ 1,2 bilhão.

 

 

Até o momento 28 ações de arranjos financeiros estaduais e regionais já foram lançados em parcerias do Programa Brasil de Todas as Telas com entidades e órgãos públicos estaduais e municipais em todas as regiões do País. Outros 16 estão em negociação.

“Considero estes últimos dez anos um período muito promissor para o cinema brasileiro”, comenta o crítico e curador brasilense Sérgio Moriconi. “Existem agora mecanismos de produção e de legislação sólidos – que podem ser aperfeiçoados, evidentemente – e inúmeros incentivos à coprodução internacional através de acordos que começam a ser implementados.”

DIVERSIDADE

Moriconi vê com bons olhos a diversidade inédita da produção brasileira contemporânea.

“Há produção nos mais variados estados e com diferentes perspectivas estéticas. Em relação à produção hegemônica brasileira, eixo Rio-São Paulo, temos – para o bem e para o mal – blockbusters de origem televisiva, normalmente comédias (com atores ‘globais’), e obras independentes de maior empenho cultural.”

PRECONCEITO

Cineasta baiano radicado em Brasília, André Luiz Oliveira acredita que um dos desafios enfrentados pelo cinema brasileiro é fazer com que o público perca o preconceito contra a produção nacional.

“O cinema brasileiro sempre foi bom e sempre se comunicou com o seu público, mas as gerações se sucederam e nem lembram mais disso”, salienta Oliveira.

O cineasta acrescenta: “As gerações que aí estão não têm mais as condições naturais de apreciá-lo, pois foram ‘educadas’ para gostarem de ver outra coisa. O que ainda pode ser feito exige vontade política associada a uma campanha estratégia de educação e ocupação do mercado exibidor a curto, médio e longo prazo.”

SALAS DE EXIBIÇÃO

O número de salas de exibição também está em crescimento e tende a se expandir mais nos próximos anos, com o Programa Cinema Perto de Você, do qual faz parte o Regime Especial de Tributação para Desenvolvimento da Atividade de Exibição Cinematográfica (Recine).

O Recine foi instituído pela Lei Federal 12.599/2012 e teve seus dispositivos regulamentados pelo Decreto 7.729/2012. É um regime especial de tributação voltado à expansão e modernização do parque exibidor brasileiro, com ênfase na digitalização das salas.

O Recine determina que as operações de aquisição no mercado interno ou de importação voltadas à implantação ou a modernização de salas de cinema sejam desoneradas de todos os tributos federais incidentes – Imposto de Importação, Imposto sobre Produtos Industrializados, Contribuição para o PIS/Pasep, Cofins, PIS-Importação e Cofins-Importação.

HISTÓRIA

A bordo do navio Brèsil, prestes a desembarcar no Rio de Janeiro vindo da Europa, o cinegrafista italiano Affonso Segretto filmou sua chegada ao país. Era 19 de junho de 1898. Talvez ele não soubesse, mas fez um registro pioneiro de imagens em movimento em território brasileiro. Batizado de Uma vista da Baia de Guanabara, a filmagem não sobreviveu ao tempo. Entretanto, por seu caráter simbólico, desde os anos 1970, comemora-se nesta data o Dia do Cinema Brasileiro.

Hoje, 117 anos depois, o cinema do Brasil acumula uma história rica, que passou por altos e baixos, produziu uma série de sucessos e legou ao mundo alguns clássicos da sétima arte.

Quando se fala em cinema brasileiro, é comum lembrar-se de alguns períodos específicos da cinematografia nacional, como as chanchadas da Atlântida, o Cinema Novo, a era da Embrafilme, e, mais recentemente, o que se convencionou chamar de Retomada, uma nova tomada de fôlego para o cinema do Brasil depois de um período turbulento no qual filmes nacionais quase desapareceram das salas de exibição.

O contexto atual do cinema brasileiro tem exemplos de grandes sucessos, como Cidade de Deus e Tropa de Elite, que levaram a produção brasileira para outro patamar de reconhecimento. Fazer cinema no Brasil ainda é um desafio, mas o século 21 tem apresentado algumas alternativas, que vão desde o barateamento da tecnologia (para filmar, pós-produzir, distribuir e exibir) até os investimentos governamentais.