A presidenta Dilma Rousseff, ao lado do vice Michel Temer, ministros, governadores estaduais e parlamentares, lançou nesta terça-feira, dia 9 de junho, a segunda fase do Programa de Investimento em Logística (PIL).
Em síntese, o programa consiste em fornecer à iniciativa privada a concessão de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos, por determinado período de tempo, em troca de investimentos (reformas, ampliação da capacidade, modernização).
Trata-se, pois, de uma privatização – temporária, porque não se trata de venda de bem público, e sim concessão, mas privatização.
De uns tempos pra cá, você já deve ter lido ou escutado sobre um tal perigo comunista, ou bolivarianismo, ditadura socialista, ou qualquer expressão semelhante, que estaria a rondar o Brasil.
Uns espalham isso por desinformação, outros por irresponsabilidade, alguns por ingenuidade e um bocado por má-fé.
Ora, diante desse pacote anunciado por Dilma é de se perguntar a toda essa gente: cadê o comunismo?
Um governo que vai entregar o filé mignon da nossa infraestrutura logística ao capital privado, capital esse que vai se utilizar de recursos públicos para financiar os investimentos que terá de fazer, está longe, muito longe de ser um governo comunista.
Não me agrada esse pacote de privatizações. Não é, ainda bem, a privataria entreguista do governo de Fernando Henrique Cardoso e do PSDB. No entanto, não deixa de ser uma rendição aos interesses do poder econômico.
De qualquer forma, é o que temos para o momento. Segundo Dilma, estão previstos R$ 198,4 bilhões em investimentos, sendo R$ 69,2 bilhões entre 2015 e 2018, e a maior parte – R$129,2 bilhões – a partir de 2019 (ou seja, no próximo governo). Os investimentos estão divididos da seguinte forma:
- Rodovias (R$ 66,1 bilhões)
- Ferrovias (R$ 86,4 bilhões)
- Portos (R$ 37,4 bilhões)
- Aeroportos (R$ 8,5 bilhões)
O Programa de Investimento em Logística, com esse perfil neoliberal, não é nenhuma surpresa. Uma primeira fase foi lançada no primeiro mandato de Dilma e, durante a campanha, a presidenta candidata à reeleição falava em ampliar o pacote. Era, pois, de se esperar.
O que é de se espantar, alcançada a metade desse primeiro ano do novo mandato, é o horror do ajuste fiscal do Joaquim Levy – outra medida que está a léguas de distância do comunismo.
Isso sim é que é de se lamentar: nem um tantinho assim de comunismo, socialismo, bolivarianismo está a nos ameaçar.
Por Wagner de Alcântara Aragão, jornalista e professor | Twitter: @waasantista
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