É comum no futebol um jogador marcar um gol contra seu ex-time e não comemorar.
É uma demonstração de respeito ao clube e aos torcedores dos quais por um bom tempo recebeu fundamental apoio.
Como futebol, esporte é metáfora da vida, a analogia serve para um episódio ocorrido nesta semana que termina.
Na sexta-feira, dia 22, saiu publicado no Diário Oficial da União uma medida provisória, a MP 675/2015, que aumenta a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) paga pelos bancos.
O aumento é significativo. A taxação do lucro dos bancos vai subir um terço: a CSLL vai passar dos atuais 15% para 20%, a partir de 1º de setembro, conforme estabelece a medida provisória.
Uma maior taxação dos lucros é reivindicada há tempos pelos movimentos sociais, pela esquerda, enfim, pela base de sustentação popular do governo da presidenta Dilma Rousseff.
Mas nem precisa de ser eleitor de Dilma para apoiar a medida.
Basta lutar por justiça tributária – isto é, lutar para que quem ganha mais pague mais imposto do que os pobres e a classe média – para aprovar a maior taxação do lucro dos bancos.
E, ainda mais diante do famigerado pacote de ajuste fiscal engederado pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, a medida provisória que aumenta a taxação do lucro dos bancos põe a conta do tal “ajuste” não só nas costas do trabalhador.
Exposto esse contexto e esse cenário, fica claro: Dilma marcou um golaço ao fixar o aumento da taxação do lucro dos bancos.
(Os bancos, você sabe, mês a mês, trimestre a trimestre, ano a ano, batem recorde atrás de recorde em lucro. Enquanto a indústria se retrai e o comércio se esfria, os bancos continuam lá, a encher os cofres cada vez mais)
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Embora tenha anotado esse golaço, Dilma parece ter abdicado de comemorar.
O governo só veio divulgar o feito 24 horas depois de os veículos da grande imprensa, que formam o chamado PIG, terem noticiado a medida. E mesmo assim a manifestação do governo foi burocrática (leia aqui no Portal Brasil).
Ora, diante do simbolismo, o aumento da taxação de lucros era para ter sido anunciado com euforia pelo governo. A própria presidenta Dilma poderia ter informado isso pelos seus perfis em redes sociais (twitter e facebook), quem sabe até com um breve pronunciamento em vídeo.
Um golaço, ainda mais numa peleja tão árdua, é pra ser festejado no alambrado, com a galera.
Mas talvez os estrategistas da comunicação do governo Dilma não enxerguem assim. O que enxergam, está impossível entender.
Em tempo, para ficar claro: o aumento da taxação do lucro dos bancos não minimiza o horror que é o tal ajuste do Joaquim Levy. Demonstra, apenas, que o jogo não está de todo perdido para o monetarismo, o que não deixa de ser deveras importante.
Por Wagner de Alcântara Aragão, jornalista e professor | Twitter: @waasantista
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