A um ano das Olimpíadas do Rio de Janeiro, e o segundo esporte mais popular do Brasil – e o mais vitorioso dos últimos tempos em competições internacionais – é vítima de mais um sequestro aos bens imateriais deste país, executado pela Rede Globo de Televisão.
Apoderando-se da modalidade como se fosse mais um elemento de sua grade de programação, a Rede Globo de novo impõe suas condições absurdas para transmitir partidas na televisão aberta.
A emissora exibe neste domingo, às 10 horas da manhã, ao vivo do Mineirinho, em Belo Horizonte, a final da Superliga (o campeonato brasileiro de vôlei) masculina, entre Cruzeiro e Sesi-SP. No domingo que vem, no mesmo horário, transmite a decisão da Superliga feminina, entre Rio de Janeiro e Osasco.
A primeira imposição é justamente esta: que o jogo seja às dez da matina de um domingo, para ser encaixado na grade de eventos do “Esporte Espetacular”.
Ora, uma partida, sobretudo decisiva, a esta hora da manhã, e de um domingo, é ruim para atletas e para torcedores.
Mas a outra imposição é mais prejudicial ainda: a de que a final do campeonato seja em jogo único.
A Superliga de vôlei é um dos torneios nacionais mais acirrados, de melhor nível técnico do planeta. Talvez esteja atrás apenas do campeonato italiano, se não for melhor que esse.
São praticamente seis meses de competição, reunindo os principais atletas brasileiros, estrelas estrangeiras, envolvendo patrocínios milionários para a manutenção das equipes.
Toda uma temporada é decidida assim, numa partida só, porque evidentemente a Globo não aceita liberar três, cinco dias de sua programação para transmitir uma série de playoffs, como seria o normal, e é o aplicado em torneios de vôlei, basquete, handebol, futsal mundo afora.
Equivoca-se a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) achando que vale a pena se render às exigências da Globo, na ilusão de que a audiência da televisão aberta e a suposta visibilidade que propicia ao esporte compensam tal concessão.
Está aí o futebol brasileiro, refém dos interesses econômicos e políticos da Rede Globo e a sucumbir com a diminuição de público nos estádios, com os clubes se afundando financeiramente, com partidas sendo disputadas quase que à meia-noite, e em regra de nível técnico sofrível.
Bom, em que pese a ingerência globística, a final da Superliga neste domingo deve ser equilibradíssima – como foi o torneio, de um modo geral.
Cruzeiro e Sesi-SP não tiveram vida fácil para chegar à decisão e qualquer que seja o campeão, também vai ter de jogar muito para levantar o troféu.
O Cruzeiro tenta o terceiro título nacional, o segundo consecutivo. O Sesi-SP busca ser campeão pela segunda vez.
Aliás, outra mania da Rede Globo: ignorar o histórico das competições esportivas anterior ao período em que a emissora começou a fazer a cobertura. É assim com o futebol: a Globo costuma omitir os torneios brasileiros antes de 1971, e desconsidera os campeões das épocas passadas.
Registre-se, então, a relação de todos os campeões brasileiros de vôlei masculino, independentemente do nome que o torneio tivesse à época. Destaque deste blogueiro: o Santos faturou o nacional de 1968.
Campeões Brasileiros de Voleibol Adulto Masculino
Taça Guarani de Clubes Campeões:
1962 – Grêmio Náutico União (RS)
1963 – Minas TC (MG)
Campeonato Brasileiro de Clubes Campeões:
1964 – Minas TC (MG)
Taça Brasil:
1968 – Santos FC (SP)
1969 – Randi (SP)
1971 – Botafogo (RJ)
1972 – Botafogo (RJ)
1973 – Paulistano (SP)
1974 – Paulistano (SP)
1975 – Botafogo (RJ)
Campeonato Brasileiro de Clubes Campeões e Vice-Campeões:
1976 – Botafogo (RJ)
1978 – Paulistano (SP)
1980 – Pirelli (SP)
1981 – Atlântica Boavista (RJ)
1982 – Pirelli (SP)
1983 – Pirelli (SP)
1984 – Minas TC (MG)
1985 – Minas TC (MG)
1986 – Minas TC (MG)
1987 – Banespa (SP)
Liga Nacional:
1988/89 – Pirelli (SP)
1989/90 – Banespa (SP)
1990/91 – Banespa (SP)
1991/92 – Banespa (SP)
1992/93 – Suzano (SP)
1993/94 – Suzano (SP)
Superliga:
1994/95 – Sogipa (RS)
1995/96 – Olympikus/Telesp (SP)
1996/97 – Suzano (SP)
1997/98 – Ulbra (RS)
1998/99 – Ulbra (RS)
1999/00 – Minas TC (MG)
2000/01 – Minas TC (MG)
2001/02 – Minas TC (MG)
2002/03 – Ulbra (RS)
2003/04 – Unisul (SC)
2004/05 – Banespa (SP)
2005/06 – Florianópolis (SC)
2006/07 – Minas TC (MG)
2007/08 – Florianópolis (SC)
2008/09 – Florianópolis (SC)
2009/10 – Florianópolis (SC)
2010/11 – Sesi (SP)
2011/12 – Cruzeiro (MG)
2012/13 – RJX (RJ)
2013/14 – Cruzeiro (MG)
Ranking:
1) Minas TC – 9
2) Banespa – 5
3) Pirelli – 4
3) Botafogo – 4
3) Florianópolis – 4
6) Cruzeiro – 2
7) Suzano – 3
7) Ulbra – 3
7) Paulistano – 3
10) Santos – 1
10) Atlântica Boavista – 1
10) Sogipa – 1
10) Olympikus/Telesp – 1
10) Unisul – 1
10) Grêmio Náutico União – 1
10) RJX (RJ)
10) Randi – 1
10) Sesi – 1
Fonte: Blog Esporte Rio/Blog do Juca Júnior
Em tempo: os direitos de transmissão são da Globo, mas a RedeTV também vai passar ao vivo as finais da Superliga masculina e feminina (mais ou menos como ocorre com o futebol, em que a dobradinha é Globo-Band)
Por Wagner de Alcântara Aragão, jornalista e professor | Twitter: @waasantista
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