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A lição do Maranhão e a verdade que parece mentira no 1º de abril do Paraná

Wagner de Alcântara Aragão - abr 02 2015
Maranhao_Mudanca_Nomes_Escolas
Comunidade ajudou a escolher novos nomes das escolas maranhenses (Foto: Lauro Vasconcelos/Governo do MA)

Primeiro de abril.

Mas tudo o que vem a seguir é verdade, por mais surpreendente – no primeiro caso – ou absurdo – no segundo – que seja.

Vamos à boa surpresa.

Vem do Maranhão.

Primeiro de abril é o “aniversário” do golpe civil-militar que decepou as reformas de base de 1964, que finalmente tirariam o Brasil do atraso.

Os ditadores do período – a redemocratização só se daria mais de 20 anos depois, em 1985, com eleição do civil Tancredo Neves pelo Congresso – são “homenageados” Brasil adentro, dando nome a pontes, estradas, conjuntos habitacionais, ruas, praças e avenidas, entre outros equipamentos.

Até escolas, vejam só que aberração, estão batizadas com os nomes dos inimigos da democracia, dos direitos humanos.

Pois bem, o governador maranhense, Flávio Dino (PCdoB), resolveu corrigir esse erro.

Nesta quarta-feira, 1º de abril de 2015, os nomes de dez escolas públicas do Estado foram trocados.

O “Colégio Estadual Emílio Garrastazu Médici”, de Codó, virou “Colégio Estadual Paulo Freire”, para ficar só num exemplo.

Os demais, estão na imagem abaixo.

 

Maranhao_Novos_Nomes_Logradouros

 

Parece um ato simples, banal; não é, todavia. É carregado de simbolismo. É, repete-se, a reparação de um equívoco, de uma injustiça, de um atentado à memória do país.

A revogação das “homenagens” é recomendada, inclusive, pela Comissão Nacional da Verdade, em seu relatório final.

Agora, o espanto.

Os paranaenses amanhecerem este 1º de abril pagando mais – muito mais – impostos.

O governador Beto Richa (PSDB) conseguiu aprovar no final do ano passado o aumento do ICMS sobre 95 mil (isso mesmo, 95 mil!) produtos.

Aumentou o ICMS da água mineral, da água de coco, de remédios e vacinas, do xampu, de roupas, calçados, material escolar, utensílios domésticos, eletrodomésticos, absorvente, papel higiênico… Enfim, de 95 mil itens!

Começou a vigorar também o aumento do IPVA.

Com tal tarifaço, pode-se ter a impressão de que o Estado vive dificuldades de arrecadação.

Não é nada disso, ao contrário.

Mesmo 2014 sendo um ano de economia estagnada, o Estado do Paraná arrecadou no ano 11,26% mais do que em 2013. A receita foi de R$ 35,7 bilhões. Descontada a inflação, o aumento real foi de 4,65%.

Os dados são da própria Secretaria da Fazenda.

Só de ICMS, foram R$ 19,27 bilhões arrecadados, alta de 9,4% (2,89% de acréscimo real). A arrecadação de IPVA subiu 12,8% (6,29% de crescimento real), somando R$ 1,9 bilhão.

Por que, então, tamanha sanha arrecadatória? Os paranaenses também estão a tentar entender.

Por Wagner de Alcântara Aragão, jornalista e professor | Twitter: @waasantista

| Postado de Curitiba