É de intrigar quando um jurado de desfile de escolas de samba tira décimos de uma agremiação, não é?
“O que será que o cara viu para descontar zero ponto um do carro alegórico?”, pergunta um. “O que tinha de errado com a bateria pro sujeito dar nove ponto oito de nota?”, indaga outro. “E a comissão de frente, por que levou nove ponto sete daquele camarada?”, espanta-se alguém.
Pois bem, tanto no Carnaval do Rio de Janeiro como no de São Paulo todo mundo fica sabendo o que só o avaliador viu, ouviu, notou, enfim, o que se passa na cabeça de cada um dos jurados dos desfiles.
É que as ligas das escolas de samba das duas cidades publicam na internet o mapa de notas, com as respectivas justificativas dadas pelos avaliadores.
Os mapas dos desfiles de 2015 foram colocados no ar neste mês.
No caso do Rio, os jurados só precisam de justificar as notas abaixo de dez.
No de São Paulo, mesmo quando aplicam o valor máximo, o jurado deve anotar por que.
“A melodia da primeira estrofe, nas linhas cinco, seis e sete, caiu um pouco…”, explica um avaliador de samba-enredo o nove ponto nove que deu à Unidos da Tijuca. “A escola cumpriu os parâmetros básicos da evolução”, anotou o julgador desse quesito, sobre o desfile nota dez da Vai-Vai.
As justificativas das notas dos desfiles das escolas de samba cariocas estão em liesa.globo.com; as das paulistanas, em www.ligasp.com.br.
Tem muita instituição, pública e privada, que no quesito transparência fica muito a dever para a organização do Carnaval, não é não?
Taí uma lição a ser copiada.
Por Wagner de Alcântara Aragão, jornalista e professor | Twitter: @waasantista
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