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Nem Libertadores, nem Copa América. Saída para o mar é o embate do ano

Wagner de Alcântara Aragão - mai 12 2015
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Desde a última semana e até outubro, a Corte Internacional de Haia – o Tribunal de Justiça da Organização das Nações Unidas (ONU) – está com a missão de decidir sobre um litígio que, embora diga respeito diretamente a Bolívia e Chile, deve ser acompanhado de perto pelos demais países latino-americanos.

Isso porque, seja qual for o veredicto da Corte, vai exigir decisões dos governos boliviano e chileno que podem ou fortalecer extraordinariamente a integração regional tão almejada ou, ao contrário, representar um passo atrás nesse processo.

A disputa é a seguinte: a Bolívia reclama a saída para o mar, mais especificamente para o Oceano Pacífico, a qual lhe foi tolhida há 136 anos.

Em fevereiro de 1879, o Chile invadiu terras bolivianas e anexou um território de 120 mil quilômetros quadrados, sendo 400 quilômetros lineares de costa, o que deixou a Bolívia sem acesso ao mar.

Em 1904, portanto 25 anos depois, um tratado entre os dois países foi firmado, pondo fim à contenda, porém mantendo sob domínios chilenos a comunicação com o Pacífico que antes pertencia aos bolivianos.

De alguns anos para cá, o governo de Evo Morales decidiu por pleitear o direito de a Bolívia readquirir sua saída para o mar. Uma comunicação com o oceano, sabemos todos, é essencial para, entre outros benefícios, o desenvolvimento econômico de uma nação. Em 2013, o governo ingressou formalmente com pedido de julgamento pela Corte de Haia.

Na semana passada ocorreu a fase de defesa oral, na referida Corte, das duas partes envolvidas. A exposição dos argumentos da Bolívia foi na quarta-feira, dia 6. A do Chile, na sexta, dia 8.

(Neste link, um apanhado de reportagens da Telesur sobre as apresentações)

Evo Morales tem se pronunciado com frequência sobre o assunto. No domingo, segundo a Telesur, voltou a declarar disposição para o diálgo, para resolver a questão.

De Michele Bachelet, por sua vez, não se tem notícia de pronunciamento oficial – as manifestações sobre o caso estão sendo feitas pelo Ministério das Relações Exteriores. A presidenta do Chile enfrenta, entretanto, uma fase de turbulência política semelhante à da presidenta Dilma Rousseff, no Brasil. Para se ter uma ideia, na semana passada Bachelet fez uma reforma ministerial por atacado – pediu que todos os ministros renunciassem e, em seguida, promoveu as alterações na equipe.

Mês que vem, em 11 de junho, tem início a Copa América de seleções. Ainda no futebol, a mais cobiçada competição de clubes da região multicontinental, a Libertadores da América, por ora está em etapas decisivas, nas quais as rivalidades entre as nações são postas à prova.

Mas é depois disso tudo, no entanto, que a América Latina deverá passar por uma de suas maiores provas dos últimos tempos.

Por Wagner de Alcântara Aragão, jornalista e professor | Twitter: @waasantista

| Postado de Curitiba