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Balanço da semana: verdades têm de ser ditas. Cid Gomes e Stédile disseram

Wagner de Alcântara Aragão - mar 21 2015
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Cid Gomes e Eduardo Cunha (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

A semana termina com uma sensação de alma lavada, quando o assunto é política.

O banho, de franqueza, foi dado primeiro por Cid Gomes, na quarta-feira, dia 18, e depois por João Pedro Stédile, na sexta, dia 20.

Cid Gomes e Stédile não disseram nenhuma novidade.

Mas suas declarações foram históricas pelas circunstâncias e pelo contexto.

Depois que a semana começou sob a ressaca das manifestações pelo golpe do impeachment (no domingo, 15) – atos esses inflamados pela mídia, com Rede Globo na dianteira – a fala das duas lideranças, em público, com transmissão ao vivo, escancarou a hipocrisia.

Ex-governador do Ceará e até aquele momento ministro da Educação, Cid Gomes (do Partido Republicano da Ordem Social, Pros) passou merecido pito na suposta base aliada da presidenta Dilma Rousseff.

O recado foi principalmente para parlamentares do PMDB e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, do mesmo partido.

Ou se assumam como situação ou larguem o osso. Parem de achacar o governo, em síntese afirmou o então ministro.

 

 

Claro que a invertida abalou as relações entre Congresso e Palácio do Planalto. Porém, estremecidas do jeito que já estavam, não causou dano maior. Ao contrário: o Planalto conseguiu expor à sociedade como é difícil lidar com um Parlamento tão conservador, negociador e lobista como é, em maioria, o atual.

Cid Gomes teve de deixar o ministério para não complicar Dilma. No fundo, ajudou a presidenta, em externar aquilo que seguramente estava entalado na garganta da mandatária.

Stédile, da coordenação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), discursou na solenidade de abertura da 12ª Festa da Colheita de Arroz Ecológico, em assentamento do MST em Eldorado do Sul (RS).

A presidenta Dilma Rousseff estava presente.

Stédile assegurou todo apoio do movimento à governabilidade de Dilma. Não poupou, todavia, criticas à política econômica engendrada pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy.

Também rechaçou a subserviência do governo federal ao agronegócio, denunciando sobretudo os efeitos nefastos do modelo agroexportador latifundiário vigente, como a contaminação do ambiente pelos agrotóxicos.

O ponto alto foi quando acusou o viés golpista e antidemocrático da velha mídia, com Globo, como sempre, na dianteira.

 

https://www.youtube.com/watch?v=wdc_9e_gjng

 

Quando chegou sua vez de falar, Dilma buscou contemporizar. Mais por diplomacia do que por convicção. Embora tenha dito que não concordava “com tudo o que o Stédile falou”, no fundo, no fundo, como brizolista de formação que é, ela gostou.

 

Por Wagner de Alcântara Aragão, jornalista e professor | Twitter: @waasantista

| Postado de Curitiba