Para cantar Clara Nunes, antes de tudo “é preciso ter voz”, conforme comentou a Martha Feldens assim que terminou o show de Fabiana Cozza na noite do último sábado, dia 7, na Caixa Cultural em Curitiba.
Fabiana Cozza apresentou na capital paranaense, também na sexta e no domingo, o show “Canto Sagrado”, que faz parte de uma turnê iniciada em 2012 em homenagem, à época, aos 70 anos de Clara Nunes.
E mostrou que tem voz – daí o comentário da Martha.
Mostrou, assim, por que a turnê se prolongou esse tempo todo, como sucesso de crítica e público.
O interessante é que Fabiana Cozza não procura “imitar” a homenageada, como acaba sendo fatal em espetáculos desse tipo.
A cantora, tal qual Clara Nunes, dança ao ritmo do batuque, interpreta, mas em nenhum momento se tem a impressão de que está tentando ser Clara Nunes.
É apenas Fabiana Cozza relembrando Clara Nunes.
E muito bem, por sinal; e é pelo canto, pela voz, reitere-se, que Fabiana Cozza honra a sambista guerreira.
Em músicas que exigem gogó, como “Canto das Três Raças”, foi uma aula de canto.
Em “Bafo de boca”, “Novo Amor”, “Na Lama” e “Portela na Avenida” ela igualmente abusou da garganta privilegiada.
O repertório apresentado é quase na medida exata – senti falta de Coração Leviano, que poderia ter vindo no bis.
(O bis, aliás, foi curtinho – só uma música. Um “bisinho”, como bem definiu também a Martha Feldens)
Pelo que Fabiana Cozza informou na abertura do show, a turnê se encerrou com essas apresentações na Caixa Cultural de Curitiba.
Agora, só em cd e em dvd.
Em tempo: está bem servida a música brasileira de novas cantoras. Outra dia falávamos de Lívia Nestrovski, que se apresentou em Curitiba em janeiro, homenageando Dorival Caymmi (relembre aqui).
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Por Wagner de Alcântara Aragão, jornalista e professor | Twitter: @waasantista
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