É o primeiro aniversário de Santos com este blog na casa nova, o Brasil Observer.
O blogueiro, tu sabe, é santista apaixonado.
Portanto, registremos aqui nesta nova morada a celebração dos 469 anos de fundação de Santos, comemorados hoje, 26 de janeiro de 2015.
Em 26 de janeiro de 1839 a Vila de Santos fora elevada à categoria de município. Desde então, e como não havia – nem há – registros que apontem com precisão quando se deu exatamente a fundação do povoamento, o 26 de janeiro passou a ser a data de aniversário da cidade.
Até duas décadas atrás, no aniversário só se contabilizava o tempo de Santos elevada à condição de município. Nos anos 90, o então (saudoso) prefeito David Capistrano investiu num trabalho de pesquisa que, se não conseguisse identificar o dia da fundação, ao menos mostrasse quando aproximadamente isso se dera.
Tudo indica que a fundação ocorrera em 1º de novembro (Dia de Todos os Santos – daí o nome do povoado que se formava) de 1546. Não foi possível cravar 1º de novembro como o nascimento do povoado, de modo que não se alterou o dia e mês (26 de janeiro) de comemoração do aniversário. Não há dúvidas, porém, quanto ao ano, 1546.
Estes 469 anos chegam com Santos enfrentando desafios e paradoxos.
Se, no acumulado nos últimos dez anos, a cidade foi beneficiada pela reaquecimento do polo industrial de Cubatão, pelo crescimento das operações e dos investimentos no Porto de Santos, pela expansão do turismo e pela descoberta do pré-sal, vem sendo administrada há 20 anos pelo mesmo grupo político conservador e subserviente aos interesses do mercado que limitam o desenvolvimento local.
De 1997 para cá, foram duas gestões de Beto Mansur (primeiro PP, hoje PRB), duas de João Paulo Tavares Papa (antes PMDB, agora PSDB) e, atualmente, Paulo Alexandre Barbosa (PSDB). Como se vê, até houve mudança do nome e do partido na cabeça de chapa, todavia a espinha dorsal da equipe é a mesma esse tempo todo. A filosofia de governo, neoliberal, vem de Mansur a Barbosa, via Papa. A Câmara de Vereadores, também dominada pelo mesmo grupo político.
Resultado: uma cidade que teve seus principais serviços, como transporte coletivo e limpeza urbana, entregues a dois grandes grupos predadores. Arrecadam – e já arrecadaram – uma fortuna (sabe se lá quanto), e realizam uma porcaria de trabalho.
A sanha imobiliária vem detonando o patrimônio arquitetônico e histórico da cidade com a conivência, quando não estímulo, da administração municipal nesse período.
Empreiteiras faturam executando obras intermináveis – a lista inclui a reforma do Orquidário, novos quiosques da orla, ciclovias, avenidas Nossa Senhora de Fátima e João Pessoa, pontilhões sobre os canais, Complexo Esportivo do Rebouças, Concha Acústica. Tudo começa e só termina depois duma penca de aditivos e prorrogações.
Não há planejamento, não se pensa a cidade, sua gente, suas raízes, sua cultura, suas perspectivas, suas esperanças. Pensa-se em Santos e região metropolitana de mais de 1,5 milhão de habitantes apenas como um mercado potencial a ser explorado.
Crescida, formada e informada pela ditadura de 1964 a 1985, a sociedade atual traz o ranço conservador que sustenta, e se reflete, na forma de se administrar o município.
A mídia, ah, a mídia, é dócil.
Enfim, estamos sujeitos a esses percalços do caminho.
Adelante!
E, a Santos, brava guerreira, parabéns!
LEIA TAMBÉM:
- Depois de 30 anos, Santos voltou a poder escolher seu prefeito
- Por três décadas, a autonomia sequestrada
Por Wagner de Alcântara Aragão, jornalista e professor | Twitter @waasantista
| Postado de Santos