Hoje, 22 de janeiro, é o aniversário da primeira vila fundada no Brasil – São Vicente, na Baixada Santista. É, ainda, a data de nascimento de um dos maiores líderes da história da nação, e de pioneirismos também.
Falamos, é claro, de Leonel de Moura Brizola, ex-governador do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul, o primeiro governante a pensar e investir, de fato, numa educação pública emancipadora.
Pois é na Baixada Santista, mais precisamente em Santos, que está uma das tantas homenagens rendidas ao nacionalista herói da pátria.
Em 1987, Leonel Brizola recebeu o título de Cidadão Emérito de Santos.
Bastante perseguido pela Rede Globo de Televisão, e consequentemente pela grande mídia de um modo geral, Brizola e seus feitos, ou quase tudo que se refere a ele, não contavam com muita divulgação. Procurou-se esconder tudo o que foi possível.
Em Santos mesmo, nunca mais essa reverência ímpar foi repercutida.
Mas, aos poucos, os fatos, a verdade vêm à tona.
O título de Cidadão Emérito de Santos a Leonel Brizola foi proposto pelo então vereador Nobel Soares (do PDT, à época).
Ao Macuco/Brasil Observer, Soares conta as razões da proposta e relembra como foi o dia em que Brizola esteve em Santos, para receber o título.
A seguir o que nos relata Nobel Soares:
“Brizola foi uma figura política de relevo no cenário nacional, tendo desempenhado papel destacado na Campanha da Legalidade, que ao final assegurou a posse de João Goulart na Presidência da República [em 1961, quando da renúncia de Jânio Quadros].
Cassado e exilado [pela ditadura civil-militar implantada em 1964], ao retornar ao Brasil Brizola manteve suas características de defensor intransigente dos direitos sociais, com destaque para a educação, prestigiando projeto do então secretário de Educação [do Estado do RJ], Darcy Ribeiro, criando os Cieps.
Com os Cieps, as crianças passaram a ter educação integral, permanecendo sob os cuidados do poder público o dia inteiro, liberando as mães para o trabalho. Recordo-me que na época o PT atacou esse projeto, taxando-o de assistencialista, quando em verdade representou um verdadeiro avanço no sistema de ensino do país, retirando as crianças da rua, e oferecendo-lhes uma educação de qualidade, além das refeições, assistência médica e odontológica.
Brizola permeou a memória de milhões de brasileiros, razão pela qual considerei ser um privilégio para a cidade de Santos adotá-lo como ‘Cidadão Santista’.
Brizola compareceu à solenidade, que se realizou no Salão Princesa Isabel da Câmara Municipal de Santos. A sessão magna de outorga do título foi bastante concorrida, lotando as galerias e corredores do prédio da Prefeitura onde na época funcionava a Câmara Municipal de Santos.
Após um longo discurso que proferi, tentando relembrar aos presentes a corajosa trajetória política de Brizola, seguiu-se o seu pronunciamento, quando ocupou a tribuna por mais de uma hora, sob os olhares atentos da platéia que a cada instante o aplaudia calorosamente.
Logo após a solenidade, nas escadarias da Prefeitura [Palácio José Bonifácio], Brizola ainda fez uma saudação ao agrupamento de pessoas que se posicionavam na Praça Mauá, agradecendo a acolhida e o carinho do povo santista.
Brizola se foi, mas deixou um legado de coerência política e comprometimento com as causas dos trabalhadores e do povo em geral, defendendo no plano institucional a legalidade e os princípios democráticos – dentre eles a liberdade -, valores tão caros para a preservação do decantado estado de direito.”
Brizola partiu deste mundo em 2004. Se por aqui estivesse, estaria a completar 93 anos.
Tramita no Senado um projeto de lei, já aprovado pela Câmara dos Deputados, que inclui o nome de Leonel Brizola no Livro dos Heróis da Pátria. Brizola vai estar ao lado de Zumbi dos Palmares, Tiradentes e Santos Dumont, entre outros nomes inscritos no livro atualmente.
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Por Wagner de Alcântara Aragão, jornalista e professor| Twitter @waasantista
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