Blog: MACUCO Voltar a lista de posts

Uma conversa com Hebe de Bonafini e um recado dela à presidenta Dilma

Wagner de Alcântara Aragão - jan 13 2015
Hebe_de_Bonifani

Início de noite aqui em Buenos Aires, nesta segunda-feira, dia 12.

Passava das 18h, mas o sol seguia soberano; o calor beirando os 30 graus.

Sentados às mesas do café El Revolucionário, que funciona na sede da Associação das Mães da Praça de Maio, fomos surpreendidos com a chegada de uma das fundadoras e líder do grupo, Hebe de Bonafini.

Logo um casal de franceses se apresenta; à ela se juntam também um casal de gregos e este blogueiro.

Hebe de Bonafini deixava o escritório da Associação, que fica nos fundos da sede, para ir para casa.

Posa para fotos com os visitantes do espaço e rapidamente conversa conosco.

Falou do ataque à revista Charlie Hebdo, em Paris, sem deixar de ponderar, por outro lado, a impostura imperialista da própria França, Estados Unidos e demais aliados de sempre, em relação a outros povos.

Fez questão de alertar que nós, da América do Sul, não estamos livres da sanha dominadora daqueles colonizadores do norte.

“Aqui em América do Sul temos as maiores riquezas para o planeta – água, petróleo e outros recursos. Temos que tomar cuidado”, advertiu-nos.

Apresento-me como brasileiro e, sendo assim, se pudesse ser um porta-voz de um recado dela à presidenta Dilma Rousseff e ao Brasil de um modo geral, pergunto-lhe que mensagem teria a transmitir.

“Ah, do Brasil…!”, respondeu logo de cara com satisfação, para em seguida falar:

“Diria a Dilma que acho que ela está no caminho certo. Mas diria para ela se preocupar principalmete com os jovens, com a formação dos nossos jovens.”

Despediu-se, nos acenando e sorrindo, e a passos lentos – são quase 87 anos de idade – caminhou em direção à porta do café, assistida por um homem que, por portar chaves de carro nas mãos, parecia ser o condutor que transporta Hebe de Bonafini aos seus compromissos.

Nesta quinta, por sinal, às 15h30, tem o tradicional encontro, na Praça de Maio, das mães dos desaparecidos pela ditadura na Argentina, em memória e protesto pela barbárie do regime de exceção.

“Ela (Hebe) estará lá”, nos avisa a atendente de El Revolucionário.

 

Por Wagner de Alcântara Aragão, jornalista e professor | Twitter: @waasantista

Postado de Buenos Aires