Dias atrás, num grupo do whatsapp, surgiu uma pergunta sobre o que a turma achava do novo ministro da Educação, Cid Gomes.
Na hora, em trânsito, não pude responder.
Viajava de São Paulo a Santos, vindo de Brasília, depois de atuar na cobertura da posse da presidenta Dilma Rousseff.
Assim, como iria, de qualquer forma, fazer um post neste blog sobre o ministério do novo governo, deixei para falar de Cid Gomes aqui.
É por ele que inicio estas breves considerações sobre o time de Dilma neste começo de temporada.
Pra mim, está entre os melhores da equipe, porque:
- Ex-governador do Ceará por duas vezes seguidas, tem experiência para administrar um ministério gigante, de importância ímpar, orçamento fabuloso – orçamento esse que ano a ano tende a se expandir com o ingresso dos recursos dos royalties do pré-sal. Tem experiência, portanto, para comandar o “Brasil, Pátria Educadora” anunciado por Dilma em seu discurso de posse;
- Como governador do Ceará, implantou medidas como o reconhecido Paic, acrônimo para Programa Alfabetização na Idade Certa;
- É nacionalista, de ideais progressistas;
- É uma das lideranças mais fiéis aos governos Lula e Dilma
Não será surpresa se, daqui a quatro anos, Cid Gomes for candidato a presidência da República, apoiado pelo PT (posto esse que, lá atrás, havia sido pensado por Lula a Eduardo Campos).
Há outros de primeira também, tais como Patrus Ananias (Desenvolvimento Agrário), Juca Ferreira (Cultura), Arthur Chioro (Saúde), Tereza Campello (Desenvolvimento Social e Combate à Fome) e Miguel Rossetto (Secretaria-Geral).
Incluo Jacques Wagner, porém considero mal aproveitado na Defesa (deveria ir para Casa Civil).
Eduardo Braga nas Minas e Energia é uma boa.
Aguardo com ansiedade pelo comportamento de Ricardo Berzoini à frente das Comunicações.
Nomes respeitáveis em outras pastas há ainda.
Agora, difícil está sendo engolir a Godiva do Latifúndio, na Agricultura e Pecuária, e Gilberto Kassab, nas Cidades.
Com os dois pé atrás encaro Joaquim Levy na Fazenda e Nélson Barbosa no Planejamento.
Não entendo a insistência com José Eduardo Cardozo (Justiça).
Desnecessário o desgaste com os dispensáveis Hélder Barbalho (Pesca) e George Hilton (Esportes).
Entendemos – entendamos – que se trata de um governo de coalização de centro-esquerda.
Que no sistema político brasileiro impossível não trocar apoio de partidos no Congresso por ministros e cargos de segundo, terceiro escalão.
No entanto, embora relativamente apertada, a vitória de Dilma nas urnas foi conquistada com forte mobilização popular, que chegou a lembrar aquela do segundo turno entre Lula e Collor em 1989.
Uma inabilidade incrível fez esse respaldo se esvair, se arrefecer em poucos dias.
Aquela efervescência era pra ter sido mantida, estimulada, e assim ao compor a nova equipe a presidenta poderia estar menos refém do fisiologismo enraizado na política brasileira; menos refém do reacionarismo, do golpismo da velha midiona.
Não foi o que ocorreu.
Agora é tocar o barco com as contradições de sempre.
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Por Wagner de Alcântara Aragão, jornalista e professor| Twitter: @waasantista
| Foto: Roberto Stuckert Filho (Blog do Planalto)
| Postado de Santos