A galera costuma pegar no pé dos pontepretanos pela escassez de títulos.
Em 114 anos de vida, a Ponte Preta não conseguiu no futebol nenhuma conquista de expressão.
Esteve bem perto várias vezes – no Paulistão de 1970, no de 1977, em 1981 e no de 2008; no Brasileirão de 1981; na Copa Sul-Americana de 2012.
Final de semana passado, deixou escapar o primeiro lugar da série B do Campeonato Brasileiro (já tinha sido vice em 1997).
Mas o clube de Campinas tem um feito que nenhum outro do país alcançou.
Há 20 anos, a Ponte Preta se sagrava bicampeã mundial de basquete feminino.
Foram dois títulos consecutivos: em 1993, quando derrotou o Parma, da Itália, e em 1994, quando venceu a Unimep, de Piracicaba.
Mais do que os dois troféus, a Ponte Preta teve a proeza de reunir as duas maiores jogadoras do planeta, à época.
No elenco de 1993, a Ponte Preta contou com Paula e Hortência.
Foi a primeira e única temporada em que as duas atuaram juntas, em clube.
Aquele dream team (sim, era assim chamado) contava ainda com as pivôs argentina Karina e a russa Helena Bounatiants, entre outras atletas da seleção brasileira.
A Macaca era, para o basquete, o que foi ou é, para o futebol, o Santos de Pelé, Zito, Coutinho e Pepe; o Barcelona de Neymar e Messi.
O basquete feminino brasileiro passava pelo seu melhor momento.
A seleção nacional tinha sido campeã pan-americana em 1991, quando Fidel Castro se rendeu a Paula e Hortência; em 1992, disputava uma Olimpíada pela primeira vez; em 1994, conquistava o título mundial. Essa geração ainda seria prata nos Jogos Olímpicos de 1996 e bronze em 2000.
E a Ponte Preta, uma das protagonistas de tudo isso.
(Aqui a final de 1993 e, aqui, a de 1994)
Por Wagner de Alcântara Aragão, jornalista e professor. Twitter: @waasantista
Postado de Curitiba | Fotos: A Gazeta Esportiva