A medida provisória que “reforma” o ensino médio tem o evidente propósito de transformar nossas escolas numa fábrica de produção de mão de obra barata, explorada e alienada.
É a missão dessa gente que usurpou o governo no país: tornar o Brasil um imenso mercado a ser sugado pelo capital estrangeiro.
Pois bem, a tal medida, não bastasse ser arbitrária, traz aberrações inimagináveis. A ousadia em impor tamanho absurdo provocou, porém, um efeito colateral oposto às intenções dos usurpadores do poder.
O que estamos a assistir nas ocupações das escolas promovidas por estudantes é justamente o que os golpistas temem: indignação, reflexão, ação.
A ocupação do Colégio Estadual do Paraná, o maior e mais antigo da rede pública paranaense, e onde leciono, é uma mostra de como a estapafúrdia medida provisória conseguiu tirar muita gente da inércia.
A ocupação do CEP, como é chamado, completa 48 horas na noite deste sábado, 8 de outubro.
Dezenas – mais de uma centena até – de estudantes estão diretamente envolvidos na mobilização.
Indiretamente, o movimento dos secundaristas do Colégio Estadual do Paraná mexe com muito mais gente.
Mexe com os colegas que passam a se dar conta da gravidade do problema que a medida provisória gera.
Mexe com pais, mães, amigos, familiares, que começam a prestar mais atenção nessa “reforma” pretendida pelo governo usurpador.
Mexe com alguns professores que, seja por descrença, comodismo ou indiferença, não tinham se apercebido de que suas vidas, e o futuro de seus filhos, sobrinhos e netos, estão em xeque com essa horripilante medida provisória do ensino médio.
Mexe com quem está do lado de fora do colégio, e que se desperta para a discussão.
A ocupação do Colégio Estadual do Paraná tem se dado de forma pacífica e lúcida. A organização é ímpar. Também se nota um zelo danado para evitar qualquer tipo de atitude que deslegitime o movimento. Há rigor absoluto com quem entra e sai, ou arrodeia, as instalações do colégio – para se impedir que alguém se infiltre com o intuito de causar o mínimo transtorno.
E que não se caia na lorota de que os estudantes são massa de manobra de sindicatos ou partidos políticos. Agem por convicção própria.
A meninada, a piazada, em cartazes e palavras de ordem, em declarações públicas, são objetivos em suas mensagens.
Do CEP, na região central de Curitiba, ao Congresso Nacional e ao Palácio do Planalto em Brasília, o recado é o seguinte: essa destruição do ensino médio não será aceita.
A seguir, fotos da noite de sexta-feira, 7 de outubro, feitas pela estudante Taciane Cristina da Silva, do curso de Técnico em Produção de Áudio e Vídeo:
Por @waasantista (texto e as outras fotos), publicado de Curitiba