Traída pelo vice e por ex-ministros, e julgada por uma corja de parlamentares, a presidenta Dilma Rousseff perdeu, sem ter cometido nenhum crime, o cargo para o qual foi eleita com 52% dos votos dos brasileiros.
Desde que foi afastada temporariamente, quando da abertura do processo de impeachment pelo Senado, Dilma – como lhe era de direito – continuava a morar no Palácio da Alvorada.
Nesta terça-feira, 6 de setembro, deixa a residência oficial, e parte para Porto Alegre.
Tanto na saída, ainda em Brasília, como na chegada à capital gaúcha, Dilma não estará só – manifestantes se reunirão nos dois locais em apoio à presidenta.
Nestes três meses em que ficou sem poder exercer a função de presidenta da República, Dilma – como também lhe era de direito – continuou a cumprir agenda pública no Alvorada, na sua incansável missão de reiterar sua evidente lisura e inocência.
Recebeu movimentos sociais, reuniu-se com os fiéis aliados, atendeu à imprensa.
Uma dessas visitas, a do repórter Roberto Cabrini, do SBT.
Na entrevista concedida à emissora de Sílvio Santos, a presidenta relembrou de sua trajetória, não poupou de críticas os falsianes, reafirmou a luta em defesa da legalidade e da democracia, e se permitiu contar curiosidades.Uma delas, para se orgulhar da beleza de Brasília, obra de Oscar Niemeyer, Lúcio Costa, Juscelino Kubitschek – e, mais que deles, fruto do suor e sangue de milhares, milhões de candangos.
Dilma contou a Cabrini que, quando o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, veio ao Brasil, esteve com sua família no Palácio do Alvorada, em agenda com Dilma.
“Quando o Obama veio aqui em visita oficial, ele trouxe as duas meninas”, começou a narrar a presidenta. “A mais novinha disse: ‘meu pai, este é o palácio menos palácio que eu conheço. Mas é o mais bonito. Muito bonito!”
Sim, a sabedoria infantil é inconteste.
O Palácio do Alvorada é espetacular; o cenário ao redor, sensacional.
Quando Lula era presidente o Alvorada passou a ser aberto à visitação do público em determinados dias.
Estive em uma dessas oportunidades, em 2008. A visita era rápida, guiada, mas o suficiente para a gente ter a mesma impressão da filhinha de Obama.
Não sei se com Dilma a prática de liberar a entrada de visitantes foi mantida no Alvorada.
Agora certamente não é, e pior: o mais bonito palácio do planeta se torna abrigo do golpe mais asqueroso do mundo.
Por @waasantista (textos e fotos) | Postado de Curitiba