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Aos movimentos sociais, Dilma garante: se depender dela, projeto de Serra para mudar pré-sal não vinga

Wagner de Alcântara Aragão - ago 14 2015
"Enquanto eu for presidenta, não muda", afirmou Dilma
"Enquanto eu for presidenta, não muda", afirmou Dilma

Pela primeira vez desde que entrou em pauta o projeto de lei do senador José Serra (PSDB-SP) que muda a exploração do petróleo da camada pré-sal, a presidenta Dilma Rousseff se pronunciou sobre o assunto.

As mudanças propostas pelo senador representam a entrega do petróleo do pré-sal para as companhias estrageiras.

Já foi tema de postagem aqui no Macuco, e matéria na edição passada do Brasil Observer.

(Leia aqui: O petróleo brasileiro na mira)

A presidenta Dilma rechaçou, com veemência, qualquer tentativa de se modificar o sistema atual – o chamado regime de partilha.

As declarações foram feitas no encontro “Diálogo com os movimentos sociais”, na tarde desta quinta-feira, 13 de agosto.

Segue reprodução de matéria veiculada pelo Blog do Planalto, sobre o assunto:

A presidenta Dilma Rousseff garantiu, nesta quinta-feira (13), que vai lutar para manter o regime de partilha do Pré-Sal enquanto for presidenta do Brasil. Segundo ela, a Petrobras investiu muitos recursos do povo brasileiro para fazer as pesquisas que resultaram na descoberta dessa que é uma das maiores reservas de óleo do planeta.

“Nós fizemos a Lei de Partilha porque, naquele caso do Pré-sal, a gente sabia onde estava o petróleo, qual era a qualidade e quanto tinha. Então uma parte do petróleo tinha de ficar com a Nação brasileira, com o Estado brasileiro, foi por isso que nós fizer o modelo de partilha”, disse a presidenta.

Por isso, acrescentou: “Enquanto eu for presidente, vou lutar até a minha última força para manter a Lei de Partilha”. No regime de concessão, o concessionário é dono de todo o petróleo que produz. Já no regime de partilha, o Estado é o dono do petróleo produzido.

Dilma Rousseff defendeu também a política de conteúdo local para a cadeia produtiva de petróleo, que significa que todos os bens produzidos para esse setor deverão ter uma parte do bem, sistema ou serviço, produzida no Brasil. Essa politica visa fortalecer a demanda dirigida ao mercado doméstico, garantindo a manutenção do emprego, com consequências positivas para a diversificação do parque industrial nacional

“Fizemos um modelo de conteúdo nacional para impedir que a gente fosse vítima de duas coisas: uma é a chamada maldição do petróleo, que se caracteriza por você ter um setor de petróleo forte e o resto todo fraco [devido ao excesso de importações]. Então, fazer um conteúdo nacional junto à indústria do petróleo era criar uma indústria de fornecimento que garantisse emprego, que aumentasse a qualidade do emprego, que transformasse essa riqueza que é o petróleo em um passaporte para o futuro. Por isso, fizemos a Lei de Conteúdo Local, que é produzir no Brasil o que é possível produzir no Brasil”.

A medida é importante, agregou, porque transforma a riqueza do petróleo em uma riqueza de toda a sociedade. Nesse ponto, a presidenta agradeceu a contribuição da União Nacional dos Estudantes (UNE), por ter defendido que que os royalties do petróleo e o Fundo Social do Pré-sal fossem destinados à educação.

Esse fundo soberano foi criado para receber a parcela dos recursos do pré-sal que cabem ao governo federal, como royalties e participações especiais. “Tem coisas que são fundamentais para o País. Esta é uma delas. Porque esta é uma riqueza finita. Só tem um jeito de a gente transformar essa riqueza, que acaba, em uma riqueza que dura: é transformando as pessoas”.

Sobre os atuais desafios econômicos vividos pelo Brasil, Dilma falou não não se pode negar a realidade, mas lembrou que é preciso enfrentar as dificuldades quando aparecem.

“Quando a gente tem dificuldade e enfrenta é uma coisa, quando a gente não enfrenta é outra. Nós entraremos numa travessia e ela vai ser feita sem retrocesso nas políticas sociais”, garantiu.

Ela contestou as afirmações de que o governo está reduzindo principalmente o gasto com educação. “Ora, nos mantivemos esse ano como aumento, ou seja, como quantidade a mais de jovens que tiveram acesso ao ensino superior, uma quantidade muito expressiva [de estudantes]. Estou falando o que entrou esse ano Até dezembro de 2015, vão ser 900 mil estudantes”.

Por Wagner de Alcântara Aragão, jornalista e professor | Twitter: @waasantista

| Foto: R. Stuckert Filho

| Postado de Curitiba