Barbican em noite sul-americana Dom La Nena e Jorge Drexler

brasilobserver - fev 05 2016
JorgeDrexler
Jorge Drexler (Photo: Como No)

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Por Ana Toledo

Batuque brasileiro de Dom La Nena encantou o Barbican em seu show de abertura para o cantor uruguaio Jorge Drexler, na terça-feira (2), em Londres.

Com todo seu jeito brasileiro sem estereótipos, La Nena surpreendeu. A reação positiva da plateia era perceptível já no início de sua apresentação. Ao meu lado, um senhor de meia idade suspirava com mãos inquietas, ora batendo palmas, ora levadas ao rosto.

Dom La Nena (Foto: Como no)

Dom La Nena (Foto: Como no)

Em sua última música, a cantora levantou a plateia coordenando uma tímida e gostosa dança ao som de Sambinha. Em seguida, as luzes se acenderam indicando o primeiro intervalo. Visivelmente tocado, o senhor ao meu lado quis saber sobre aquela joia em cima do palco. Descobri um suíço com várias nostalgias latino-americanas.

O embalo de Dom La Nena fez a plateia sambar, e foi citado por Jorge Drexler quando ele quis fazer o mesmo. A conexão entre os dois se revelou uma escolha certeira da produção do show, uma parceria entre Barbican e Como No! Produções.

Para explicar essa conexão, vale ressaltar o fato de Dom La Nena ser brasileira, mas com passagem por Buenos Aires quando adolescente – hoje ela vive em Paris. Já Drexler é de família de imigrantes alemães que moram no Uruguai, e ele também já viveu por um período no Brasil. Tem muita Bossa Nova em Drexler, aliás!

O uruguaio cantou alguns de seus sucessos, como Guitarra y Vos e Universos Paralelos. E o público criou no local uma atmosfera única, devidamente respondida pelo cantor à capela, com a música que faz parte da trilha sonora do filme Diários de Motocicleta, a deliciosa Al otro lado del río.

Dom La Nena e Jorge Drexler transformaram o Barbican em uma verdadeira embaixada sul-americana. Brasil, Argentina, Peru, Venezuela, Uruguai… Todos os país estavam devidamente representados. A saudade da Pátria Grande, quem sabe?, uniu naquele local todas essas culturas.  

Para encerrar, antes de cantar a música Bolívia, Drexler contou que seus pais, fugindo da Alemanha nazista, foram recebidos pelo país mais pobre da América Latina – até hoje –, antes de se mudarem para o Uruguai. Em tempos de refugiados buscando asilo na Europa, fica a lembrança do cantor uruguaio.