BRICS oferece parceria econômica genuína, afirmam embaixadores

brasilobserver - ago 17 2015
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Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil

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Os países que formam o BRICS têm por objetivo reforçar o espaço global na busca de paz, segurança, estabilidade, desenvolvimento e cooperação, que são “questões de interesse internacional comum”, escreveram seus embaixadores para o Reino Unido em um artigo publicado pelo jornal Daily Telegraph na segunda-feira 3 de agosto.

O artigo, intitulado “BRICS nations offer the world a taste of genuine economic partnership”, traz uma análise da sétima cúpula do grupo, realizada em julho na cidade de Ufa, na Rússia. O embaixador brasileiro Roberto Jaguaribe, o embaixador chinês Liu Xiaoming, o alto comissário indiano Ranjan Mathai, o embaixador russo Alexander Yakovenko e alto comissário sul-africano Obed Mlaba são os autores.

Saudando a cúpula de Ufa como “importante marco” para o grupo, o artigo destaca “os dois grandes projetos econômicos” do BRICS, acordados na cúpula anterior em Fortaleza, no Brasil. São eles o Novo Banco de Desenvolvimento e o Arranjo Contingente de Reservas, que se concretizaram após um ano de discussões entre os governos.

“Entre outras coisas”, diz o artigo, “o novo banco terá o papel de financiar projetos de infraestrutura nos países em desenvolvimento, assim como financiar projetos de desenvolvimento sustentável”. Para os autores, a cooperação que vem sendo praticada pelo BRICS “demonstrou a necessidade de coordenação entre novos centros econômicos emergentes em um mundo em constante mudança”.

Apontando o G20 como “principal fórum internacional sobre cooperação econômica e financeira”, o artigo revela também a preocupação das nações do BRICS em relação “a falta de atuação quanto à reforma das instituições de Bretton Woods, apesar das decisões feitas há cinco atrás sobre a adaptação destas instituições”.

“Dada a experiência da Europa, da África, da América Latina e de outras regiões, temos reforçado a nossa cooperação”, diz o artigo. “O que inclui os âmbitos econômico, financeiro e de inovação, ciência e tecnologia, políticas fiscais e sociais, estatísticas, agricultura, saúde, gerenciamento de emergências, educação e cultura”, completa.

Em relação às especulações de que o BRICS tem interesse de criar mecanismos que se contraponham às instituições financeiras criadas pelos países desenvolvidos, como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, o artigo ressalta que “o fórum não se destina a criar uma posição contrária a nenhuma das partes, mas apoia uma cooperação de ganhos mútuos, com atuações conjuntas”.

E continua: “Nossa cooperação é baseada nos princípios das Nações Unidas, incluindo a igualdade de soberania. Nenhum dos países impõe suas vontades e os processos de decisão são feitos por consenso. É por este motivo que acreditamos que a nossa parceria, que representa 43% da população mundial e cerca de 30% do PIB mundial, proporciona um modelo sustentável de cooperação”.

O artigo menciona ainda a importância em abordar novos desafios à segurança, como terrorismo, tráfico de drogas, novas doenças contagiosas e mudanças climáticas. “São questões transnacionais e só podem ser tratadas, efetivamente, através de genuínos esforços tanto em âmbito global quanto regional. Além da cooperação intrabloco, nós estamos abertos ao engajamento com outros parceiros em questões de interesse mútuo”, conclui o artigo.

Apesar do otimismo dos embaixadores no artigo publicado, observadores internacionais avaliam que, apesar do avanço do Novo Banco de Desenvolvimento, o BRICS passa por um momento de fragilidade. Rússia e Brasil devem ter recessão este ano. A China está desaquecendo e a economia sul-africana deve crescer cerca de 2%. Dos cinco países do grupo, o único que ainda empolga investidores é a Índia, com um crescimento esperado de quase 8% para 2015.

De qualquer forma, mesmo em um ciclo econômico desfavorável, há hoje menos dúvida sobre a solidez do grupo e a determinação dos países do BRICS em construir um mundo multipolar que ofereça aos países emergentes opções mais acessíveis de desenvolvimento.

BRASIL OBSERVER – EDIÇÃO 30