A desaceleração da economia é temporária; o Brasil está fazendo a “lição de casa”; a nova classe média trouxe oportunidades; o setor de infraestrutura vai demandar investimento privado; o país está criando mais segurança para negócios e reduzindo a burocracia.
Estes foram os argumentos do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, em evento inédito realizado na Bolsa de Valores de Londres, dia 13 de maio, para incentivar investimentos no país, de acordo com a BBC Brasil.
O ministro se mostrou confiante de que os resultados do ajuste fiscal colocado em prática pelo governo da presidente Dilma Rousseff já serão vistos no ano que vem. “Esperamos que a atual desaceleração do ritmo da economia seja temporária”, afirmou. Para ele, essa desaceleração se deve em parte à incerteza dos últimos resultados econômicos, mas o nível de confiança já começa a se estabilizar.
A economia brasileira recuou 0,2% no primeiro trimestre, em relação ao o trimestre anterior (outubro, novembro e dezembro de 2014), quando houve crescimento de 0,3%. Nos três primeiros meses do ano, o Produto Interno Bruto (PIB) caiu 1,6% em relação ao mesmo período do ano passado, a maior queda desde o segundo trimestre de 2009 (-2,3%). Em 12 meses, o PIB acumula queda de 0,9%.
Joaquim Levy afirmou que, com a nova política de ajuste fiscal, espera uma mudança de sentimento econômico. O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê uma contração de 1% na economia brasileira em 2015 – com retomada do crescimento em 2016.
O ministro explicou ainda aos investidores estrangeiros as principais medidas do ajuste econômico. O governo federal decidiu cortar 69,946 bilhões de reais do Orçamento Geral da União como parte do ajuste fiscal para equilibrar as contas públicas do país. O objetivo do governo é atingir a meta de superávit primário de 1,2% do PIB neste ano, que é a economia para o pagamento de juros da dívida pública.
Também fazem parte do ajuste as medidas provisórias 664 e 665, aprovadas no Senado, que restringem o acesso a benefícios trabalhistas e a pensões por morte, além do aumento da taxação dos lucros dos bancos, que renderá de 3 bilhões a 4 bilhões de reais.
Segundo o ministro, esta disciplina é essencial para proteger a economia dos efeitos inflacionários da depreciação do real.
Sobre a chamada “nova classe média”, Levy destacou que mais de 30 milhões de pessoas saíram da linha da pobreza no Brasil nos últimos anos, por meio de programas como o Bolsa Família. “Inclusão social para a classe média significa mais oportunidades”, disse o ministro.
A inclusão social facilitou o acesso à educação, na opinião de Levy, o que pode influenciar na produtividade. De acordo com o ministro, o aumento da produtividade pode fazer os salários do Brasil crescerem, já que profissionais mais qualificados costumam ganhar mais.
Já no quesito infraestrutura, ele afirmou que a área precisa do apoio do setor privado e que o mercado de capitais pode ter um papel fundamental neste momento. Levy destacou que o Brasil tem um histórico de concessões – disse que telecomunicações, energia, rodovias e aeroportos são geridos pelo setor privado. Um novo pacote de concessões estava previsto para ser lançado no dia 9 de junho.
Por fim, o ministro Joaquim Levy afirmou que o governo está preparando o ambiente para investimentos. “Reduzir riscos agregados é essencial para motivar pessoas a tomarem riscos idiossincráticos”, disse. “Simplificar todo o processo é importante para aumentar os negócios no Brasil. Temos que fazer ajustes para aumentar a segurança dos negócios”, completou durante a palestra.
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