Com disco novo, Flavia Coelho canta em Londres neste mês e fala ao Brasil Observer: ‘Quando fazemos as coisas de coração, com vontade, acabamos contaminando as pessoas… O brasileiro contamina’
Por Gabriela Lobianco
A cantora brasileira Flavia Coelho, erradicada na França desde 2006, retorna à Londres com a sua banda para o show de lançamento do seu segundo álbum, ‘Mundo Meu’, no dia 18 de Maio, no Rich Mix.
O disco foi oficialmente liberado na Inglaterra dia 11 de maio. Mas o primeiro single, ‘Por cima’, já é um sucesso no iTunes. “É uma música que escrevi pensando nesses amores impossíveis, essa parte feminina mais exagerada”, conta ao Brasil Observer, por telefone, de sua casa em Paris. “Mas numa nota positiva já que essa mulher não destrói o muro, ela pula”, ri em tom meio sapeca e doce.
A carioca escreveu quase 90% das músicas desse novo trabalho durante a turnê do seu primeiro disco, o ‘Bossa Muffin’ – que foi muito bem recebido pelo público europeu, inclusive britânico. “Precisava voltar à batida boom boom do baile funk, dos estilos de cantores americanos que escuto, e só percebi isso enquanto estava em turnê, compondo e experimentando”. Esse processo demorou dois anos e meio, tempo de duração do tour do projeto inaugural. ‘Mundo Meu’ se difere completamente do disco anterior porque a artista aumentou os sons elétricos e se concentrou mais em batidas frenéticas. “Precisava de coisas mais simples, porém intensas”, diz.
Flavia Coelho deixou o Brasil para se descobrir e encontrar seu estilo musical, ou seja, a vertente que gostaria de seguir. Basicamente, “me encontrar como mulher”, afirma. Mas bate no peito para dizer que é brasileira. Fala o tempo todo apaixonadamente sobre o país. E homenageia a terra natal misturando os ritmos, um mix de samba, bossa nova, rap, reggae e a inconfundível batida dos morros do Rio de Janeiro. “O meu coração pediu para eu deixar o meu país para poder descobrir a minha herança musical. Mas eu amo o Brasil”.
Todavia, Flavia Coelho tem muita gratidão pelo sucesso alcançado no exterior, como era de se esperar, afinal. “Meu primeiro CD rolou super certo em Londres e as pessoas começaram a acompanhar. Fiz tour pela África, pela Nova Zelândia, fui tocando em vários lugares”.
Com orgulho, fala das parcerias, graças aos “encontros naturais da vida”. Além do produtor Victor Vagh, responsável pelos dois trabalhos em estúdio de Flavia Coelho, o novo disco tem participações de renome, como o cantor alemão natural de Serra Leoa Patrice, o rapper Speech, do grupo Arrested Development, e o lendário baterista Tony Allen. Este, inclusive, flerta com muitos artistas contemporâneos brasileiros, como o trio paulista Metá Metá, que recentemente fez show em Londres. “O Tony Allen é um dos maiores artistas do mundo. Escutei tudo o que ele gravou e fiz muita pesquisa. Escrevi a canção com raiz afrobeat e meu produtor mostrou para ele, que foi super receptivo. Num processo natural, gravamos”.
Flavia Coelho, para arrematar, mostra convicção de que o brasileiro é um povo desenrolado, que brilha em qualquer lugar. “Quando fazemos as coisas de coração, com vontade e paixão, acabamos contaminando as pessoas… O brasileiro contamina”. Revela ainda que precisa reverenciar os seus conterrâneos e a sua nação cantando apenas na sua língua nativa. “Cresci nessa ebulição do Brasil e isso também se revela na minha linguagem. Tenho que cantar em Português”. Contudo, fica reticente quando indagada sobre uma possível turnê no país tropical: “Gostaria muito! Mas nada em vista. Até rolou comentários no Twitter, Facebook, mas nada agendado. Acho que tem um público bom. Vamos ver”, encerra esperançosa.
FLAVIA COELHO
Quando: 18 de maio
Onde: Rich Mix (35-47 Bethnal Green Road)
Entrada: £15
Info: www.richmix.org.uk
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