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Sobre o que vi no Lollapalooza Brasil

brasilobserver - Apr 17 2015
site ricardo

(Read in English)

Melhor e mais estranha das novas bandas inglesas, Alt-J consegue ser ainda melhor ao vivo. Jack White foi memorável

 

Por Ricardo Somera

Sou daqueles que, mesmo sabendo que vou a determinado show, me enrolo até o último momento para comprar o ingresso. Não foi diferente com o Lollapalooza Brasil, em São Paulo, no final de março.

Acordei ‘cedo’ e peguei o trem em direção a Interlagos. Depois de muita caminhada até achar a bilheteria, finalmente ouvia alguma coisa, mesmo que de longe: a Banda do Mar. A intenção principal, porém, era ver minha banda inglesa favorita do momento: Alt-J.

Às 15h55min, Joe Newman, Thom Green e Gus Unger-Hamilton entraram no palco ao som de Hunger of Pine. Com ingressos esgotados para apresentação do dia anterior, a banda foi a minha principal razão de ir ao Lollapalooza 2015 – e valeria os 340 reais gastos mesmo que fosse apenas para o show deles. A melhor e mais estranha das novas bandas inglesas consegue ser ainda melhor ao vivo do que nos seus dois álbuns. As músicas Tessellate, Matilda e Something Good foram cantadas (e embromadas) por grande parte do público e muitos dos presentes estavam lá exclusivamente (ou quase) por causa deles. A canção Breezeblocks, debaixo de sol agradável, fechou meu primeiro show do dia com chave de ouro.

Em outros tempos, sairia correndo para ver Kasabian no outro palco do festival, mas preferi comer um sanduíche de salmão assado ao modo viking. As opções de alimentação melhoraram desde que o festival perdeu o patrocínio de um hambúrguer pronto de qualidade duvidosa. Como no ano passado, o festival incrementou sua estrutura e as marcas investiram em ações de marketing de mais criativas.

Confesso que conheço pouco de Led Zeppelin, mas sabia que não me decepcionaria com Robert Plant and The Sensational Space Shifters. Passei o show deitado no gramado, mas era nítido que Robert Plant estava lá para dar uma aula de rock. Muita gente, como eu, não acreditou que esse senhor podia fazer uma multidão pular e chacoalhar as antigas cabeleiras – e atuais carecas. Pois ele o fez.

Às 21h15min, foi a vez de Jack White subir ao palco acompanhado de Dominic Davis (baixo), Dean Fertita (teclados), Fats Kaplin (guitarra), Daru Jones (bateria) e Lillie Mae Rische (violino), iniciando sua apresentação com Icky Thump, do último álbum do White Stripes.

Sou fã do White Stripes e do Raconteurs, mas não acompanho a carreira solo de Jack White. Aliás, não sei se solo seria uma boa palavra. O que vi naquele show foi um maestro de uma banda incrível. Uma ponte entre o clássico e o cutting edge. As luzes, o cenário e o talento dos músicos estavam impecáveis. Mesmo sem saber cantar todas as músicas, foi um momento memorável.

A violinista Lillie Mae Rische é encantadora não só por seu talento e beleza, mas também pelo carisma em cada nota tocada no violino e pela grande sintonia com Jack no palco. O momento mais marcante para mim foi quando a banda tocou Temporary Ground, do álbum Lazaretto. O público que acompanha o artista desde que Seven Nations Army estourou estava aguardando ansiosamente pela canção. Quando começaram os primeiros acordes foi como se eu tivesse sido transportado para uma baladinha indie de uma década atrás. Gente chorando, pulando, gritando… Pessoas que não tinham a menor dúvida de que Jack White é o maior artista deste século.

Quanto a apresentação da banda Bastille – que fechou o Lollapalooza Brasil 2015 em outro palco –, sinto muito. Deixa para a próxima.