Nesta quinta-feira, 15 de dezembro, Miguel Arraes faria 100 anos.
Uma série de atividades estão sendo promovidas em memória de um dos principais líderes da esquerda brasileira da metade do século passado para o início deste terceiro milênio.
Na terça-feira, dia 13, foi realizada uma sessão solene no Congresso Nacional.
Meses antes, no Carnaval, a Vila Isabel fez um bonito e aguerrido desfile em homenagem a “Pai Arraia”. Enredo e samba com a participação de Martinho da Vila e Mart’nália.
Miguel Arraes, nascido no Ceará (em Araripe), aos 16 anos se mudou para Pernambuco, onde faria carreira profissional e política.
Foi, por Pernambuco, deputado estadual e federal, prefeito do Recife e governador por três mandatos (1963-1964, 1987-1990; 1995-1998).
O primeiro mandato como governador, por sinal, foi interrompido pelo golpe que instituiu a ditadura militar.
Àquela altura, Miguel Arraes começava a implementar profundas políticas sociais, enfrentando inclusive o histórico problema da questão latifundiária, com medidas de reforma agrária.
(Cabra Marcado para Morrer, de Eduardo Coutinho, aborda esse contexto de revolução campesina que Pernambuco experimentava)
Miguel Arraes era filiado ao Partido Social Trabalhista (PST), e seu governo contava com o apoio do Partido Comunista Brasileiro (PCB). Foi, assim, preso pela ditadura, por quase um ano; em seguida, exilou-se na Argélia, onde ficou 14 anos. Retorna ao Brasil com a anistia, em 1979, e nos anos 80 reinicia sua carreira política no PMDB, de onde sai em 1990, para filiar-se ao Partido Socialista Brasileira (PSB).
Miguel Arraes morreu aos 88 anos, em 13 de agosto de 2005, quando exercia seu segundo mandato de deputado federal.
De acordo com a Agência Senado, a homenagem realizada no Plenário da Câmara dos Deputados foi proposta pela senadora Lídice da Mata (PSB-BA) e pelo deputado Tadeu Alencar (PSB-PE).
“Em seu pronunciamento”, informa a Agência Senado, “Lídice salientou que Arraes ‘ousou enfrentar os coronéis’ e adotar em Pernambuco, no primeiro governo, uma política para o campo que ‘redesenhou’ a base econômica estadual em favor dos mais necessitados”.
O texto continua: “Ainda segundo Lídice, outras duas marcas da atuação de Arraes foram as políticas de educação e cultura, essa com forte enraizamento popular, e a visão de futuro em relação ao papel da tecnologia. Ela destacou ainda a atuação do político na resistência democrática à ditadura, mesmo estando longe do país. A senadora também citou manifestação de Arraes sobre as políticas de austeridade fiscal adotadas nos anos 90, que comparou com as ideias atuais sobre controle de gastos”.
O samba-enredo da Vila Isabel deste ano sintetiza bem essa biografia:
Meus olhos ficavam rasos d’água
A seca minha alma castigava
O sol queimava e rachava o chão
Até os carcarás sofriam no sertão
Cresci, sonhando renovar os sonhos
Revitalizar a vida
Que se equilibra sobre palafita
Dar pra gente tão sofrida
Dignidade e amor
Acordei o campo pra haver justiça
Com o futuro Santo, fé nos ideais
Despertei o povo para um novo dia
Brotou esperança nos canaviais
Com ternura me chamavam Pai Arraia
Onde os arrecifes desenham a praia
Um sentimento no coração, no pensamento, soluções reais
Liberdade se conquista com educação
Juntei os artistas e intelectuais
Pra fazer a cartilha no cordel,
Ensinar, abraçar a profissão
Buscando na arte a inspiração
Tão bom cantarolar, me emocionar, estar aqui
Pra ver na avenida, meu valor na mensageira Vila
Gente aguerrida que defende a tradição do seu lugar
Um movimento de cultura popular
Vem dançar o frevo e a ciranda
Silenciar jamais !!!
Tem maracatu na batucada
E o Galo da Madrugada misturando os carnavais
(Autores: Martinho da Vila, Martinália, Arlindo Cruz, André Diniz e Leonel | Intérprete: Igor Sorriso)
CONFIRA TAMBÉM:
- Vida e obra de Miguel Arraes, na página do instituto que leva seu nome
- Outras manifestações sobre a figura de Miguel Arraes
Por @waasantista, texto e fotos (exceto a primeira)
| Postado de Curitiba
Clique aqui e confira como obter um exemplar do livro coletânea de postagens do Macuco Blog
