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Lucro (pornográfico) dos bancos: o “apesar da crise” que a mídia deixa pra lá

Wagner de Alcântara Aragão - ago 05 2015
Lucro_dos_Bancos

Se a dita grande mídia estivesse mesmo preocupada em defender os interesses do cidadão, e não empenhada como sempre esteve em derrubar qualquer iniciativa que represente o mínimo de ameaça ao status quo, o lucro dos bancos seria objeto de críticas, reportagens profundas, de questionamentos exaustivos.

Não é o que ocorre.

Há pelo menos três anos, os jornalões e seus sites de notícias, os comentaristas especialistas do rádio e da televisão insistem em forjar um cenário de terra arrasada na economia brasileira.

Mesmo quando alguns indicadores e fatos não confirmam o caos.

Aí, para não dar o braço a torcer, o fato ou dado positivo tem vindo acompanhado com um “apesar da crise”. Ou com um “mesmo com a crise”.

(Este texto do Pablo Villaça explica e exemplifica)

Não há, no entato, o mesmo rigor crítico quando o fato é o lucro pornográfico dos bancos.

De acordo com este levantamento da revista Caros Amigos, no primeiro semestre deste ano o lucro só dos três maiores bancos privados no Brasil (Itaú, Bradesco e Santander) somou quase R$ 11 bilhões.

Onde bilhões de reais de lucro!

Ora, num país onde a atividade industrial acumula decréscimo da produção, onde o ministro da Fazenda impõe um ajuste fiscal que sacrifica o trabalhador que depende do seguro desemprego, do PIS, que corta verbas do Orçamento da União em todas as áreas, como é que é possível deixar três banqueiros lucrar – lucrar, ou seja, é o que sobra – essa fortuna toda?

Como é que os bancos conseguem tudo isso?

Por que eles conseguem tudo isso?

Quanto eles pagam de imposto?

Quanto desse lucro poderia ser taxado para evitar que a conta do tal ajuste fiscal caísse sobre o trabalhador?

Por que, cumprindo o que diz a Constituição, a taxação das grandes fortunas não começa a ser feita a partir duma maior tributação dos bancos?

Para onde vai essa montanha de lucro dos bancos?

Quantas Copas do Mundo daria pra fazer com R$ 11 bilhões?

Quantos metrôs, VLTs, BRTs?

Quantas casas para os sem-teto?

Quanta terra poderia ser comprada para assentar famílias sem-terra?

Por que os golpistas que articulam as manifestações pedindo impeachment de Dilma Rousseff não dizem um “ai”, não movem uma palha contra essa aberração?

Será por que, quando governaram, não foram eles quem institucionalizaram essa farra?

Dúvidas a serem esclarecidas não faltam. Só não interessam. A eles.

 

Por Wagner de Alcântara Aragão, jornalista e professor | Twitter: @waasantista

| Postado de Curitiba (foto de Fotos Públicas)