Entre as minhas poucas e breves passagens pela capital do Paraná neste mês tive a sorte de estar na cidade nesta segunda-feira, dia 19, e assistir a um show da Oficina de Música de Curitiba (de 8 a 25/01) em homenagem a Dorival Caymmi.
(O centenário de Caymmi foi celebrado recentemente – no decorrer de 2014)
A apresentação em reverência ao compositor e músico baiano coube à cantora Lívia Nestrovski e à Orquestra à Base de Corda de Curitiba.
Absolutamente espetacular.
No programa entregue à entrada do Teatro da Reitoria da Universidade Federal do Paraná (UFPR), onde ocorreu o show, Lívia era definida por uma citação do músico Arrigo Barnabé: “tranquilamente uma das maiores vozes de sua geração”.
A performance dela nesta noite de segunda-feira não deixou dúvidas.
Que voz!
Que interpretação das músicas!
Em “O Mar”, por exemplo, Lívia não simplesmente cantou. Narrou, musicalmente, uma crônica.
Em “Só Louco” não deixou nada a dever, por exemplo, à versão de Nana Caymmi – pra mim, uma das três melhores vozes da música brasileira das últimas décadas, quiça de todos os tempos.
Deliciou-se e nos deliciou em “Sábado em Copacabana”. Foi graciosa em “Tia Nastácia”, “Vatapá” e “Eu não tenho onde morar”.
Algumas músicas ficaram a cargo só da Orquestra. Magistralmente, diga-se de passagem.
Em “Maracangalha”, o regente (e violão) da Orquestra, João Egashira, chamou a plateia para fazer a voz.
Egashira, no início do espetáculo, advertiu: a responsabilidade de homenagear Dorival Caymmi é imensa. Modesto, preferiu não classificar a apresentação como uma “homenagem”, por considerar de ser preciso muita envergadura para alcançar o centenário baiano.
A Orquestra de Cordas de Curitiba e Lívia Nestrovski podem ficar tranquilos que a atuação da turma foi digna, ímpar.
Caymmi gostou.
Claro, como disse Lívia, diante de um repertório tão vasto, sempre há de ficar uma insatisfaçãozinha pela falta de uma ou outra música.
Eu gostaria de ter ouvido “Peguei um Ita no Norte”, por exemplo.
“Maricotinha”, tão docemente interpretada na volta para o bis, compensou a falta.
Por Wagner de Alcântara Aragão, jornalista e professor | Twitter @waasantista
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