A dois meses do Carnaval, o disco dos sambas de enredo 2015 das escolas de samba do Rio de Janeiro já toca na vitrola.
A safra de bons sambas é farta.
Se para os desfiles de 2014 contava-se nos dedos de uma das mãos a quantidade de sambas empolgantes, para a folia que se avizinha não há um que deixe a desejar.
O da Portela, acima da média.
Aliás, a turma lá de Osvaldo Cruz e Madureira há três, quatro carnavais consecutivos vem mandando bem em seus hinos.
É do samba de enredo da Portela, que vai falar sobre os 450 anos do Rio de Janeiro, um dos refrões mais bem humorados dos últimos anos:
“Eu vi o menino do Rio versar/ Um lindo poema/ Para impressionar a Princesinha do Mar/ Sonhando com a Garota de Ipanema”
Logo em seguida ao samba da Portela, destaco o da Imperatriz Leopoldinense (sobre Mandela), o da Beija-Flor (sobre Guiné Equatorial) e o da Mangueira (sobre a mulher brasileira).
O da Mocidade de Padre Miguel, inspirado “no que você faria se só te restasse um dia” da música do Paulinho Moska, também vem pra levantar a galera.
Muito rico o da Vila Isabel (sobre música clássica e o maestro Isaac Karabtchevsky); só o refrão principal é que é muito longo, complica a fluência. Mas nada comprometedor.
Envolvente o da Grande Rio (sobre cartas de baralho) e não menos animado o da União da Ilha (sobre a beleza).
O do Salgueiro (sobre comida), pela tradição de excelentes sambas (o de 2014, por sinal, junto com o da Portela, o melhor), é que decepcionou. Mas é satisfatório, assim como são os da Viradouro (negritude) e São Clemente (homenagem a Fernando Pamplona).
Há, você sabe, uma série de quesitos que contam num desfile de escola de samba. É, porém, ele – o samba – o combustível principal. Um bom samba é meio caminho andado. Desde já, portanto, arrisco cravar a Portela como favorita ao título.
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Por Wagner de Alcântara Aragão, jornalista e professor
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